Resenhas

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A vida que segue

Vilma Costa | Gazeta do Povo | Junho 2013 O Rio na Parede, de Gil Felippe, reúne vinte e cinco textos curtos, reeditados, a maioria, depois de cinco décadas. Chama atenção como a forma e o conteúdo se relacionam, negociando sentidos e instalando-se no tempo presente, mesmo que a narrativa prime pela retomada de fragmentos da memória. Uma multiplicidade de questões é levantada, nas quais o cotidiano, aparentemente banal, dos personagens ganha peso. As frases são coordenadas por uma adição sumária de fragmentos, numa sintaxe peculiar, cujas ideias são sugeridas por imagens, sons, cores, além de traços de uma linguagem…

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Mestres da desilusão

Cult | 1.5.2013 Há muitos anos Marcelo Pen Pereira, tradutor, crítico e professor de Teoria Literária e Literatura Comparada da USP, vem pesquisando e traduzindo a obra do romancista norte-americano Henry James. São dele as belas traduções de Os Embaixadores e A Arte de Romance. Em Realidade Possível: Dilemas da Ficção em Henry James e Machado de Assis, Pen procura relacionar estes dois grandes autores do século 19 a partir do contexto histórico em que eles criaram suas obras máximas. “Ambos chegaram a sínteses formais próprias, embora porventura comparáveis, partindo de dilemas nacionais que envolveram a antiga relação entre metrópole e…

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Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci

Mario Bresighello | Guia da Folha | 27.4.2013 A genialidade polivalente de Leonardo da Vinci (1452-1519) está sintetizada nas investigações anatômicas que realizou entre 1485 e 1515. São esboços e desenhos de membros e órgãos de corpos humanos que o próprio Leonardo dissecava, à noite e às escondidas, em hospitais de Florença, Milão e Roma. Compilados após sua morte, os trabalhos, de forte impacto visual, são acompanhados dos comentários do artista na escrita “ao contrário” inventada por ele, nos quais interpreta os conhecimentos que adquiria com a atividade. Se, num primeiro momento, pode-se pensar que ela servia para que aperfeiçoasse sua linguagem…

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Crítico lança estudo de fôlego sobre Machado e Henry James

Marcelo Pen compara romances dos escritores, mestres da ambiguidade Idelber Avelar  | Folha de S. Paulo | 11.5.2013 Na eleição do objeto, já se revela o crítico e a escolha de Marcelo Pen Parreira. Realidade Possível: Dilemas da Ficção em Henry James e Machado de Assis traz uma análise comparativa sobre o escritor americano (1843-1916) e o brasileiro (1839-1908). Mais que quaisquer outros de sua época, James e Machado têm em comum o trabalho minucioso com o ponto de vista e a voz do narrador. Ambos realizaram operações revolucionárias sobre a base do romance realista então dominante, distanciando-se dele. Eis aí o fundamento…

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Vergonha da Condição Humana

Renato Tardivo Há mais de um século, Sigmund Freud, fundador da psicanálise, propôs a existência da sexualidade infantil. Como era de se esperar, houve muita resistência a essas ideias – e, ainda hoje, há muita discordância. O célebre trabalho de Freud em que elas aparecem são os “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade Infantil”, publicado em sua primeira versão em 1905. Há mais de meio século, psicanalistas da primeira geração de pós-freudianos, talvez Melanie Klein mais notadamente, aprofundaram o conceito de pulsão de morte, inaugurado por Freud, ao afirmarem a presença de sentimentos como o ódio desde a mais…

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Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci

Angélica Barros | Revista de História da Biblioteca Nacional Artista, engenheiro, matemático, cartógrafo, músico, inventor, geólogo. Além desses predicados, Leonardo da Vinci (1452-1519) era um exímio anatomista. Com seus desenhos, ele compôs um estudo extraordinário de referência para o conhecimento do corpo humano. Estes cadernos trazem o que pretendia ser um pioneiro tratado de anatomia, que nunca foi terminado, reunindo desenhos e esboços resultantes de uma pesquisa de 15 anos (1498-1513), e a dissecação de dois corpos humanos. Traduzido inicialmente do italiano para o inglês, a obra surpreende pela minúcia de cada uma das 250 gravuras e mais de 1200 desenhos….

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A Transmutação Metalinguística na Poética de Edgard Braga, por Beatriz Helena Ramos Amaral

Livro de Beatriz Amaral ilumina a trajetória e a linguagem de Edgard Braga Maria Cecília de Salles | Revista Germina Passados já quase 112 anos de seu nascimento (10 de outubro de 1897), Edgard Braga, um dos mais inovadores poetas e artistas gráficos do século XX, continua pouco lembrado entre nós, para não dizer quase desconhecido, nas antologias de literatura consultadas por alunos do ensino Fundamental e Médio. Em muitas, seu nome nem sequer aparece; em algumas, ele é só citado, junto com outros, contemporâneos seus, como José Lino Grunewald, Ronaldo Azeredo e Pedro Xisto. Quando se incluem exemplos, geralmente, só os poemas…

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Outras Figuras na Canção de Chico Buarque

Renato Tardivo Figuras do Feminino na Canção de Chico Buarque, ensaio de Adélia Bezerra de Meneses, mapeia o tema da mulher na obra do compositor. Com erudição e, ao mesmo tempo, linguagem acessível, o livro é todo ilustrado com reproduções de Di Cavalcanti, Ismael Neri, Volpi, entre outros, o que amplia as possibilidades de sentido contidas no título da obra – “figuras do feminino” –, e evidencia que as imagens não estão a serviço das ideias mas compõem, também elas, o movimento reflexivo proposto pelo livro. Nessa medida, se a escrita de Adélia é atravessada pela filosofia, sociologia e psicanálise,…

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Um ensaio sobre este objeto

O suporte da comunicação escrita — do uso de rolos em papiro à descoberta do pergaminho e a invenção do códice — a partir da dobra do papel fixado em tábuas Lincoln Secco | Brasileiros | 01.01.2013 O que é um livro? Uma reunião de significados dentro de um conjunto de folhas dobradas. Esta e outras centenas de definições seriam suficientes para conhecê-lo. Em seu belo Livro, Michel Melot procura compreender o livro como objeto. Foi esse conjunto de folhas dobradas, afinal, que venceu outros suportes do texto escrito por volta do século 4 (embora existisse muito antes) e chegou…

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Nossos tesouros barrocos

Livro de renomado arquiteto faz viagem pelo patrimônio do barroco do Brasil do período colonial, incluindo as riquezas da cidade de Goiás, Pirenópolis, Pilar de Goiás e Jaraguá Rogério Borges | O Popular | 20.02.2013 Janelas feitas com malacacheta, um tipo de mineral transparente que substitui, com eficiência, os vidros. Adornos de madeira ricamente esculpidos que embelezam e dão uma marca muito particular a portais, altares, oratórios, móveis. Casas e edifícios feitos de taipa e adobe que resistem ao tempo e testemunham a história. O livro O Esplendor do Barroco Luso-Brasileiro, lançado recentemente pelo arquiteto e professor da USP Benedito…