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Entrevista com Miguel Sanches Neto

Por Renata de Albuquerque

O que vem por aí? Muita gente tem feito esta pergunta, querendo saber sobre quais os próximos lançamentos da Ateliê e sobre o que esperar para o futuro. Como muitas novidades devem chegar em breve, para satisfazer a curiosidade dos nossos leitores – ou para aguçá-la ainda mais – o Blog da Ateliê resolveu fazer uma série de entrevistas com autores de obras que a editora deve lançar em breve.

O primeiro entrevistado da série é Miguel Sanches Neto, autor de “Museu da Infância Eterna” e “Herdando uma Biblioteca” . Acompanhe:

Miguel Sanches Neto/Divulgação

O que é possível falar sobre os novos lançamentos?

Miguel Sanches Neto: Estes dois livros fazem parte de um projeto maior em que busquei uma seleção temática de minhas crônicas. Durante duas décadas, escrevi para jornais e revistas, quando ainda havia algum espaço para literatura, crônicas com um viés literário, e agora, aos 55 anos, estou concluindo a organização deste material. Então, o gênero é a crônica, mas uma crônica literária, mais interessada nas estruturas de memória e de linguagem do que em atualidades, por isso talvez funcionem melhor no suporte livro do que no formato jornal ou revista, espaço em que elas surgiram.

O que é possível dizer sobre Herdando Uma Biblioteca?

MSN: Herdando Uma Biblioteca é a segunda edição, bastante mudada e ampliada, de um conjunto de textos que eu havia publicado em 2004 pela editora Record. Interessante é que este livro foi pensando para a Ateliê e acabou saindo pela Record. Então, nesta edição, ele volta à sua casa original. É um volume de crônicas sobre como, vindo de uma família de analfabetos, eu tive que inventar a minha biblioteca, tive que acreditar que era, sim, possível uma vida intelectual ao lado dos livros. Este é meu único volume de crônicas que não foi publicado em jornais. Nasceu como projeto estruturado para livro, como se fosse um romance fragmentado de meu amor à biblioteca. Faz parte de uma área muito forte da Ateliê Editorial, a de livro sobre livros, que é um gênero à parte, que transcende os gêneros literários.

O que se pode adiantar sobre Museu da Infância Eterna?

MSN: É uma coletânea em torno das minhas memórias de infância em uma família muito pobre no interior do Paraná, em contraponto com minha memória de pai de duas crianças, Camila (hoje, advogada, com 25 anos) e Antônio (12 anos). Durante a infância deles, tentei registrar como uma criança vê e expressa o mundo. Estes volumes concluem uma série maior, as minhas “Crônicas Reunidas”.

O que motivou o senhor a escrevê-los?

MSN: Herdando uma biblioteca nasceu de uma afirmação de Anne Fadiman. Em Ex-libris: confissões de uma leitora comum, a autora dizia que todo escritor nasce da biblioteca paterna, das leituras das gerações familiares ou grupais que o antecedem. Eu pensei na hora: isso não vale para o Brasil, país em que a relação entre cultura popular e cultura erudita é muito estreita. Eu mesmo não tive nenhum livro em casa até meus 14, 15 anos. Minha família era de agricultores analfabetos ou pouco escolarizados. Então, resolvi contar a história das bibliotecas que nascem do nada, de encontros casuais com livros e pessoas. Já Museu da Infância Eterna é uma organização de textos produzidos em momentos muito diferentes de minha vida e para colunas que mantive nos meios de comunicação.

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