Mês: agosto 2017

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João Alexandre Barbosa, 80 anos

Por Renata de Albuquerque* “Quando comecei a fazer Direito, comecei também a lecionar porque, naquele tempo, para fazer Direito era preciso estudar literatura: brasileira, francesa”. Esta frase, de João Alexandre Barbosa, explica por si a grandeza intelectual deste advogado que criou o curso de Teoria Literária da Universidade do Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), criou o Projeto Nascente (que fomenta atividades artísticas dos estudantes) e o Cinusp, foi diretor da FFLCH e escreveu mais de uma dezena de livros. Nascido João Alexandre Costa Barbosa, na cidade do Recife, em 31/08/1937, fez o primário em casa, com uma preceptora….

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João Alexandre Barbosa: “É preciso arriscar”

Eduardo Sterzi   A entrevista com João Alexandre Barbosa que a seguir se reproduz na íntegra foi realizada em agosto de 2000, no saguão do Hotel Embaixador, no centro de Porto Alegre. Sua primeira divulgação se deu no mesmo ano, no número 23 da revista Brasil/Brazil – que era, à época, uma publicação conjunta da PUCRS (hoje, a Associação Cultural Acervo Literário de Erico Verissimo tomou o seu lugar) e da Brown University, com edição de Regina Zilberman e Nelson H. Vieira. Em 2006, quando João Alexandre Barbosa morreu, excertos da entrevista foram republicados, em sua homenagem, no jornal K,…

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História, ensaio, intervalo

Os lugares da crítica e da literatura em João Alexandre Barbosa   Eduardo Sterzi     “Le désir de faire excite le pouvoir de faire qui tue le désir.” Paul Valéry, Cahiers (citado por João Alexandre Barbosa em Alguma crítica)   “Não apenas consciência e canto – mas ciência exilada.” João Alexandre Barbosa, A metáfora crítica   No prefácio escrito em 1989 para a tradução francesa de seu Infanzia e storia, Giorgio Agamben anota: “Toda obra escrita pode ser considerada como o prólogo (ou, melhor, como a cera perdida) de uma obra nunca escrita, que permanece necessariamente tal porque, com…

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O espelho crítico de João Alexandre

Manuel da Costa Pinto   “Na verdade, não há teoria que não seja um fragmento, cuidadosamente preparado, de alguma autobiografia”.[1] A frase de Paul Valéry percorre os ensaios de João Alexandre Barbosa como uma espécie de leitmotiv. Epígrafe da antologia Opus 60 – Ensaios de Crítica[2] (que em 1980 reuniu seus textos publicados na imprensa e em revistas acadêmicas durante a década de 60), o aforismo reaparece em “Paul Valéry e a Comédia Intelectual” – ensaio em homenagem aos 50 anos da morte do poeta francês escrito para o caderno “Mais!”, da Folha de S. Paulo, em 1995, posteriormente incluído…

A Morte, o Acaso, a Vida
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A Morte, o Acaso, a Vida

Renato Tardivo* Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, romance de Lima Barreto, autor homenageado na Flip deste ano, foi publicado pela primeira vez em 1919. Levou algumas décadas, contudo, para que a obra de Lima fosse amplamente distribuída. Triste Fim de Policarpo Quaresma, originalmente publicado em 1915, talvez seja seu romance mais célebre; com efeito, Policarpo é uma das personagens mais importantes da literatura brasileira. No romance que se ocupa da biografia de Gonzaga, no entanto, encontramos um Lima Barreto que equilibra com excelência sensibilidade e crítica. A obra acaba de receber uma caprichada edição, com inúmeras…

René Thiollier: o modernista redescoberto

Por: Renata de Albuquerque Os participantes da Semana de Arte Moderna de 1922 estão presente no currículo escolar brasileiro há décadas. Obras como Macunaíma e Serafim Ponte Grande têm espaço garantido nos vestibulares do país inteiro. Mário de Andrade e Oswald de Andrade são figuras bem conhecidas do grande público. Mas, quando se fala sobre René Thiollier, poucos sabem de quem se trata.   O rapaz de origem francesa esteve na Semana de 1922 e acompanhou Mário e Oswald na viagem de “redescoberta do Brasil” às cidades históricas de Minas Gerais, em 1924. Mas as referências ao advogado (formado em…

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Dez Mitos Sobre os Judeus faz sucesso na Espanha

Lançado em 2015 no Brasil, Dez Mitos Sobre os Judeus ganhou o mundo em edições traduzidas para outras línguas. Agora chegou a vez da Espanha, onde “Diez Mitos Sobre Los Judíos” tem sido aclamado. O livro de Maria Luiza Tucci Carneiro, originalmente publicado pela Ateliê Editorial com o apoio do Conip, tem como objetivo desvendar não só a imagem do povo judeu, como também entender como acontece o processo de manipulação da mentira e a compreensão da verdade nos mundos atuais. Nesse sentido, a autora busca as raízes do antissemitismo, questiona sua proliferação, seu discurso e aplicação no mundo contemporâneo….