Últimos dias da venda promocional de VIVAVAIA, de Augusto de Campos

A antologia abrange três décadas, de 1949 a 1979, da trajetória literária do poeta, tendo o projeto gráfico de Julio Plaza e o álbum Poesia é Risco, que conta com arranjos musicais de Cid Campos

O poeta, ensaísta e tradutor Augusto de Campos foi o “artista em destaque” deste ano na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que ocorreu entre os dias 22 e 26 de novembro, no litoral fluminense. A organização do evento descreveu: “com segurança, que ele é o poeta vivo mais importante de seu tempo”. E acrescentou: “a homenagem a Augusto de Campos também é reveladora das possibilidades de atuação para a atividade intelectual incessante e corajosa do crítico, do poeta e do estudioso-leitor apaixonado, quando se são todas essas personas em uma”. Para celebrar essa grande homenagem, a Ateliê Editorial reedita a obra VIVAVAIA, que estava fora de catálogo desde 2018.

Com projeto gráfico do artista Julio Plaza (1937-2003), a nova edição traz também encartado um CD com quinze dos poemas que pertencem ao livro. Dez dessas músicas fazem parte do álbum Poesia É Risco, lançado em 1995, com arranjos musicais e sonorização de Cid Campos, filho do poeta: “A essas produções, Cid, que vem revelando extraordinária sensibilidade para responder à provocação sonora de poemas aparentemente inviáveis ao tratamento musical, me sugeriu adicionar mais cinco, inéditas, com poemas também abrangidos pela antologia. Reconstitui-se, dessa forma, algo que se perdera na segunda edição: a dimensão ‘verbivocovisual’ desde o início almejada pelo projeto concretista”, apontou Augusto de Campos. Nas faixas do álbum estão musicados, entre outros, os poemas ‘Rever’, ‘Ovonovelo’, ‘Cidade city’, ‘O anti-ruído’ e ‘O quasar’.

A antologia abrange três décadas, de 1949 a 1979, de trabalho literário do poeta, como os títulos O Rei Menos O Reino (1949-1951), livro de estreia de Augusto de Campos, em que apresenta o emprego do poeta ao som, aspecto importante do projeto verbivocovisual defendido no Plano Piloto para Poesia Concreta, publicado em 1958 na revista Noigandres. Outras obras que marcaram a carreira concretista de Augusto de Campos estão presentes na obra, como POETAMENOS (jan-jul 1953); OVONOVELO (1954-1960); CIDADE ACASO LUXO (1963-1965); POPCRETOS (1964-1966); PROFILOGRAMAS (1966-1974) e ENIGMAGENS (1973-1977). Segundo Augusto de Campos: “Esta coletânea da minha poesia, abrangendo três décadas, teve sua primeira publicação em 1979 com a chancela da editora Duas Cidades. Até então, meus poemas só haviam aparecido em livro em publicações de autor. Houve uma segunda edição em 1986, pela Editora Brasiliense. A edição que agora oferece ao público a Ateliê Editorial é, de todas, a mais completa”.

De sua vasta trajetória, encontram-se no livro os famosos poemas lygia fingers, GREVE (1961), o quasar (1975), o pulsar (1975), ovonovelo, O quasar, vida (1957), luxo (1966) e PSIU! (1965), estes dois últimos, segundo o próprio poeta, recuperam a cor original. A edição da Ateliê Editorial acrescenta, em encarte, o poema-objeto LINGUAVIAGEM, que foi publicado como peça autônoma em 1970. Augusto também explicou que a antologia devolve a impressão cromática a alguns poemas como os ‘popcretos’, ‘SS’, ‘O ANTI-RUÍDO’, ‘GOLDwEATER’, que foram expostos na Galeria Atrium em 1964 juntamente com os quadros-objetos de Waldemar Cordeiro. Já em ‘OLHO POR OLHO’ (1964), por causa do restauro digital, percebe-se com todas as cores e com maior legibilidade, assim, apontando os sinais que denunciavam o golpe militar.

Para Plinio Martins Filho, fundador da Ateliê Editorial, publicar VIVAVAIA “é uma enorme honra, inclusive diversas editoras grandes quiseram publicar esse livro, mas Augusto preferiu ficar com a gente”. Ele disse também: “no lado pessoal, conheço Augusto desde quando eu trabalhava na Perspectiva, tornando-se uma amizade de longa data. Por ser um grande poeta e tendo VIVAVAIA o seu livro mais importante da carreira, para a editora é um prazer ter no catálogo essa obra de um dos fundadores do Concretismo”.

Augusto de Campos é poeta, ensaísta, tradutor. Incorporou novas mídias à sua poesia (painéis eletrônicos, holografias, projeções a laser, arte digital e eventos multidisciplinares). Juntamente com Haroldo de Campos e Décio Pignatari, fez parte do Movimento da Poesia Concreta.

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