Morre Nelson Freire, um dos maiores pianistas do mundo, aos 77 anos, no Rio de Janeiro

Nelson Freire

A música está de luto. Faleceu, nesta segunda-feira, 1 de novembro, aos 77 anos, no Rio de Janeiro, o pianista Nelson Freire.

Nelson Freire nasceu em Boa Esperança, Minas Gerais, em 1944. Iniciou seus estudos de piano aos três anos, por influência da irmã. Em seguida foi aluno do professor Fernandez, em Varginha (MG), e no ano seguinte, realizou seu primeiro recital, interpretando a Sonata K.331, de Mozart. Em 1950, sua família decidiu se mudar para o Rio de Janeiro, para que Nelson continuasse seus estudos pianísticos com as professoras Nise Obino (1918-1995) e Lúcia Branco (1897-1973), que havia sido aluna de Arthur de Greef (1862-1940), discípulo de Liszt. 

Aos 12 anos, em 1957, foi finalista do Primeiro Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro, interpretando o primeiro movimento do Concerto No.5 “Imperador”, de Beethoven. Como prêmio por sua participação nesse concurso, ganhou uma bolsa de estudos para se aperfeiçoar na Europa. Assim, em 1959, Nelson mudou-se para Viena, para ter aulas com o pianista Bruno Seidlhofer (1905-1982). Antes de partir, realizou seu recital de despedida, no Rio de Janeiro, apresentando obras como a Sonata Op.110 de Beethoven, os Etudos em forma de Sonatina de Lorenzo Fernandez, a Sonata Op.5 de Brahms, e Islamey de Balakirev.

Nelson Freire é o único artista brasileiro incluído no projeto Great Pianists of the XXth Century, uma coleção de 200 CDs lançados pela Phillips com apoio da Steinway.

Em 2001, tornou-se artista exclusivo da Decca Classics, por onde tem lançado novos álbuns, destacando-se as gravações das integrais dos Estudos e Noturnos de Chopin; seleções de obras de Liszt, Schumann, Beethoven, Bach e Debussy; além dos dois Concertos de Brahms, com a Orquestra Gewandhaus, de Leipzig, sob regência de Ricardo Chailly, gravação que ganhou o prêmio de melhor disco do ano, pela revista Gramophone, de Londres. Também pela Decca, lançou o álbum Brasileiro, em 2012, vencedor do Grammy Latino, que contém diversos registros de obras de compositores brasileiros, tais como Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Lorenzo Fernandez, Henrique Oswald, Alexandre Levy, Barrozo Netto, Claudio Santoro e Francisco Mignone.    

Em 2003, foi lançado o documentário Nelson Freire. Um filme sobre um homem e sua música, de João Moreira Salles. Neste filme, o pianista revela algumas de suas afinidades musicais, tais como a imensa admiração por Guiomar Novaes e sua amizade com Martha Argerich.

Entre as comendas e distinções recebidas por Nelson Freire, destacam-se as de Cidadão do Rio, Cavaleiro da Ordem do Rio Branco, Medalha Pedro Ernesto, Cavaleiro da Legião de Honra da França, Comandante de Artes e Letras da França, Medalha da Cidade de Paris e da Cidade de Buenos Aires, além do título de doutor honoris causa da Faculdade de música da UFRJ.  

Algumas das obras que já foram dedicadas a ele são: Prelúdio Potiguar No.1 “No caminho do sertão”, de Oriano de Almeida; Suíte para piano, de Dinorah de Carvalho; Estudo No.20 “Saramba”, de Camargo Guarnieri; Choro (versão inédita do 1º dos 4 Choros, baseado no Brejeiro, de Ernesto Nazareth), de Francisco Mignone; Estudo transcendental No.1 (do Vol.III) “Girando”, de Lourdes França; Sonatina Op.66, de Marlos Nobre; e Balada, de Claudio Santoro.

(Fonte: Instituto Piano Brasileiro)

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