Mês: novembro 2013

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Comunhão em Quatro Tempos

Renato Tardivo Literatura e Psicanálise Se Freud não escreveu muito sobre a relação entre literatura e psicanálise – embora usasse e abusasse das citações literárias, se valesse de referências da literatura clássica para a criação de conceitos e o único prêmio que recebeu em vida tenha sido o Goethe –, alguns psicanalistas contemporâneos tomaram essa relação como objeto de investigação. Talvez possamos dividir esses estudiosos em duas vertentes: aqueles que vislumbram na psicanálise uma poderosa ferramenta de leitura e análise de texto (perspectiva iluminista adotada inclusive por alguns segmentos da crítica literária) e aqueles que propõem certa analogia entre as…

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50 letras, sem tirar nem pôr

Marcelino Freire | Folha de São Paulo | 17.11.2013 DALTON TREVISAN NÃO poderia faltar. Pus no juízo: vou atrás, insisto, me rastejo, ínfimo. Uma antologia de microcontos não ficaria completa sem ele. Mestre da concisão. Alto Dalton. Máximo, grande. Mas ele vive recluso, não dá as caras. Eu não desisto. O ano era de 2004. Muito antes do Twitter. Resolvi criar a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século (Ateliê Editorial). Uma referência à organizada pelo Italo Moriconi, “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século“. Ao Italo, pedi a assinatura de um microprefácio. Que ele generosamente fez. Em 50 palavras. Os…

Nerval, o tenebroso

Marcelo Coelho  | Folha de São Paulo | 13.11.2013 Cidalisas, Melusinas. Mirto e Cibele. Santa Gudula e Lusignan: belos nomes, que pouquíssima gente conhece, enfeitam os versos de Gérard de Nerval (1808-1855), que aparecem agora no Brasil em bonita tradução de Mauro Gama para a Ateliê Editorial. Existem poetas difíceis, poetas obscuros, poetas “modernos”. Nerval cabe em categoria ligeiramente diversa. Ele é um mestre do “oculto”, do “esotérico”. Entre seus livros de cabeceira estava o “Dicionário Mito-Hermético”, de um certo Dom Pernety, e ele abusava de referências cifradas à alquimia e ao tarô. Natural que os surrealistas, quase um século…

Tempo solto, de Amálio Pinheiro

Amálio Pinheiro  | Diário do Nordeste | 12.11.2013 De acordo com a ensaísta e professora Jerusa Pires Ferreira que assina o prefácio da obra, “impressiona em Amálio Pinheiro o saber lidar com o verso, a medida, ritmo e sonoridade. Dá-se a condução perfeita do insuspeitado metro, que regula o discurso, mesmo para depois soltar-se. É aí que se complementam em exercício poético ‘a textura de uma folha e a trama de uma palha’. O aparecimento deste livro nos redime, fazendo crer que se trata de uma conquista do poeta, que nos vem libertar da repetições cansativas ou da pressa de dizer”….

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Obra-prima brasileira, em pleno século XXI

Renato Pompeu | Diário do Comércio Este belíssimo romance, Coisas do Diabo Contra, do escritor baiano radicado em São Paulo, Eromar Bomfim, lançado pela Ateliê Editorial, se insere na tradição da grande arte, nacional e internacional. Essa obra vai surpreender os críticos que alardeiam “o fim da literatura como obra de arte”. Eles se valem da argumentação de que, hoje em dia, estamos na era dos best-sellers programados. Os escritores não estariam mais preocupados com a estética, na forma, ou com as precariedades da condição humana, no conteúdo. Não estariam mais interessados em iluminar, por meio da beleza, os desvãos da…