No catálogo da Ateliê Editorial: ‘Auto da Barca do Inferno’

Este poema dramático (1516) foi escrito na época da Reforma Luterana, quando a Europa passava pelas transformações que definiriam o perfil de sua cultura para os próximos séculos. Por meio deste auto, Gil Vicente encena as convicções da Igreja de Roma diante do novo debate, compondo uma alegoria sobre o destino da alma, que, na eternidade, deverá receber a recompensa ou a punição, conforme suas escolhas na Terra. Esta edição do Auto da Barca do Inferno é a preferida por professores, alunos, críticos e leitores em geral. 

Gil Vicente (c. 1465- c. 1536) foi ourives, autor da Custódia de Belém, e o primeiro grande dramaturgo português. É considerado o pai do teatro português. A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita. A Ateliê Editorial publicou as obras vicentinas Auto da Barca do Inferno, com comentários e notas do Prof. Ivan Teixeira; Gil Vicente, com comentários e notas do  Prof. Segismundo Spina, apresentando três peças: Farsa de Inês PereiraAuto da Barca do Inferno e O Velho da Horta; e Farsa de Inês Pereira, com apresentação e notas dos Profs. Izete Fragata e Carlos Minchillo.

Ivan Teixeira foi mestre e doutor em literatura brasileira pela USP, e professor livre-docente da Escola de Comunicações e Artes da mesma Universidade. Foi full professor na Universidade do Texas em Austin. Escreveu, entre outros, Apresentação de Machado de Assis e Mecenato Pombalino e Poesia Neoclássica. Concebeu e codirigiu a coleção “Clássicos Ateliê” por muitos anos, até quando veio a falecer. Organizou Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente; Os Lusíadas – Episódios, de Camões; Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, Til, de José de Alencar e Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett. Publicou ainda o estudo crítico de Música do Parnaso, de Manuel Botelho de Oliveira, e O Altar e o Trono: Dinâmica do Poder em O Alienista (vencedor do Prêmio José Ermírio de Morais da Academia Brasileira de Letras, em 2011).

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