No catálogo da Ateliê Editorial: ‘A Lua do Oriente e Outras Luas – Biografia e Seleção de Poemas de Jamil Almansur Haddad’, de Christina Stephano de Queiroz

A Lua do Oriente e Outras Luas refaz, em análise pioneira, o percurso biográfico e intelectual de uma personalidade das mais singulares da cena cultural brasileira. Jamil Almansur Haddad foi considerado por muitos poeta menor, subversivo, pornográfico. Manteve relações ambíguas com a Semana de Arte Moderna e a Geração de 45. Christina Stephano de Queiroz toma o poeta Jamil da perspectiva do brasileiro filho de imigrantes libaneses e o devolve à historiografia literária como um brasileiro em busca de uma identidade. Autor de difícil classificação, a etiqueta que talvez melhor lhe convenha é a de poeta maldito. Saiba mais sobre o livro no site da Ateliê Editorial (CLIQUE AQUI).

O poeta, médico, tradutor e crítico literário Jamil Almansur Haddad nasceu em 1914 em São Paulo e morreu em 1988, na mesma cidade, de parada cardíaca. Descendente de imigrantes libaneses, não teve filhos e, no final da vida, doou grande parte do seu acervo bibliográfico a uma biblioteca pública de Santo André, em São Paulo. Depois de sua morte, parte de seus livros foi enviada para a reciclagem. Hoje, o que restou desse acervo está em mãos de uma sobrinha-neta – Fernanda Auada Moukdessi – e se resume a três prateleiras de livros, três caixas de documentos, manuscritos em distintos estados de conservação, recortes de jornais, anotações em folhas de cadernos soltas, fotos e dois modelos de óculos de lentes grossas e aros pretos. Há, também, alguns bilhetes de dólares, recibos de pagamento, a certidão de óbito, cartas em árabe e em português, passaportes e cartões de visita, que indicam: “Doutor Jamil Almansur Haddad”. O espólio também conta com ao menos três manuscritos de livros inéditos, sendo um deles uma tradução de poemas de Paul Verlaine, além de textos soltos sobre assuntos variados.

No texto de apresentação, escrito pelo poeta, editor, tradutor e professor de Língua e Literatura Árabes na Universidade de São Paulo, Michel Sleiman: “Este estudo de resgate, ao mesmo tempo biográfico e literário, é uma primeira prospecção de conjunto na obra de Jamil Almansur Haddad e parte exatamente do cenário resumido linhas acima; descreve e dá a conhecer a evolução da prática literária de Jamil através de conexões que a autora estabelece entre pontos biográficos do poeta — tirados de registros e relatos de familiares, amigos e colegas de ofício — e interpretações sobretudo de suas criações literárias e, com menor frequência, mas não em menor grau de importância, de suas ações como crítico e tradutor de literatura. Para isso, a autora localiza três ciclos no percurso intelectual do biografado: um primeiro compreendido entre o nascimento e os anos 1940; um segundo ciclo que chega até os anos 1950; e, finalmente, o terceiro que alcança a morte do poeta em 1988”.

Christina Stephano de Queiroz nasceu em São Paulo, em 1980, e graduou-se em jornalismo pela PUC-sp. Doutora em Letras para FFLCH-usp, tem mestrado em Identidades Culturais pela Universidade de Barcelona, na Espanha, com trabalhos premiados pela USP e pela Sociedade Espanhola de Estudos Árabes. Com mais de 150 reportagens publicadas, atua como jornalista de ciências na editoria de Humanidades da revista Pesquisa Fapesp, editada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, e também trabalha como pesquisadora audiovisual e roteirista.

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