Livro, – Michel Melot

Livro, de Michel MelotLivro traz ensaio sobre esse objeto, o grande suporte da comunicação escrita na cultura ocidental, que remonta à lenta passagem do uso de rolos em papiro, para a descoberta do pergaminho, até a invenção do códice a partir da dobra do papel fixado em tábuas
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No último dia 7 de novembro, durante o Simpósio Internacional Livros e Universidades, promovido pela Edusp, o escritor francês Michel Melot lançou pela Ateliê Editorial seu novo livro, Livro, e ainda participou de um debate sobre o tema “A Escrita dos Livros”. Nesta obra, para compreender o poder fenomenal do objeto livro, o autor investigou sua topografia e sua arquitetura, desceu até sua anatomia profunda, percorreu suas dobras, suas costuras, suas fibras físicas e simbólicas. E ainda interrogou suas relações estranhas com as três religiões chamadas “do Livro”, o profano, o comércio e o político, e a liberdade de pensar, de sonhar e de desejar.
Como escreve Michel Melot sobre a relação autor e livro: “Desde que o texto transborda da capa para se expandir sob a forma de tomos, séries, tiragens, periódicos e bases de dados, vê-se bem que o autor se quebra, se dispersa, se desfaz e acaba por se evaporar. Seus direitos, adquiridos por sua residência nessa unidade que é o livro, são dilapidados nas contestações sem fim. O direito do autor não está ligado às suas ideias, mas à sua inscrição no espaço. O autor possui suas ideias na mesma condição de um proprietário fundiário” (pp. 115-116)
Qual seria o milagre desse objeto, nascido há mais de dois milênios, eminentemente moderno por sua forma cúbica, matemática, industrial muito antes de o ser, que triunfou do rolo até se tornar o “tijolo elementar” do pensamento ocidental? Contrariamente ao saber digital, o livro, nascido da dobra, fecha-se sobre si mesmo, solidário de sua mensagem. Seu espaço é concebido para produzir uma autoridade, ou mesmo uma transcendência. Confere ao conteúdo a forma de uma verdade e a credita ao autor. Acesse o livro na Loja Virtual
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Michel Melot nasceu em 1943 em Blois, na França. Foi diretor do Departamento de Estampas e Fotografias da Biblioteca Nacional da França, diretor da Biblioteca Pública de Informação do Centro Pompidou, e presidente do Conselho Superior das Bibliotecas. Ele também é autor de La Sagesse du Bibliothécaire entre outros.

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