Ateliê Editorial publica a obra ‘A Lua do Oriente e Outras Luas – Biografia e Seleção de Poemas de Jamil Almansur Haddad’, de Christina Stephano de Queiroz

A Ateliê Editorial e a Livraria da Vila realizam, na quinta-feira, 8 de setembro, a partir das 18h, o lançamento e sessão de autógrafos da obra A Lua do Oriente e Outras Luas, de Christina Stephano de Queiroz. A Livraria da Vila fica na rua Fradique Coutinho, 915 – Vila Madalena, São Paulo.

A Lua do Oriente e Outras Luas refaz, em análise pioneira, o percurso biográfico e intelectual de uma personalidade das mais singulares da cena cultural brasileira. Jamil Almansur Haddad foi considerado por muitos poeta menor, subversivo, pornográfico. Manteve relações ambíguas com a Semana de Arte Moderna e a Geração de 45. Christina Stephano de Queiroz toma o poeta Jamil da perspectiva do brasileiro filho de imigrantes libaneses e o devolve à historiografia literária como um brasileiro em busca de uma identidade. Autor de difícil classificação, a etiqueta que talvez melhor lhe convenha é a de poeta maldito.

A rigorosa pesquisa de Christina, dividida em três partes, inclui documentos, estudos críticos e poemas inéditos, que devolvem à historiografia literária brasileira, em toda a sua riqueza, uma obra até aqui injustamente esquecida. Segundo apontado no texto introdutório, Stephano de Queiroz escreve: “Os capítulos foram elaborados a partir de uma ponte metodológica entre o Jornalismo e as Letras, já que se valeram de livros teóricos e históricos, mas também de entrevistas realizadas com pessoas que foram próximas ao poeta. Também há momentos em que faço análise de poemas, de modo que o texto se aproxima de um ensaio interpretativo, enquanto em outros momentos o caminho da redação fica mais próximo ao de uma biografia”. E conclui: “Com isso, este livro envolve um modelo misto de ensaio interpretativo e biografia intelectual”.

Jamil Almansur Haddad nasceu em 13 de outubro de 1914 em São Paulo. Formou-se em Medicina em 1938 e, paralelamente, foi crítico, ensaísta, historiador, teatrólogo, antologista e tradutor. Foi presidente da Casa Castro Alves e participou do Congresso Brasileiro de Escritores. Jamil também colaborou em diversos diários de São Paulo. Era de origem libanesa e converteu-se ao Islamismo. Faleceu em 4 de maio de 1988, em São Paulo.

Jamil Almansur Haddad

A Autora

Christina Stephano de Queiroz nasceu em São Paulo, em 1980, e graduou-se em jornalismo pela PUC-sp. Doutora em Letras para FFLCH-usp, tem mestrado em Identidades Culturais pela Universidade de Barcelona, na Espanha, com trabalhos premiados pela USP e pela Sociedade Espanhola de Estudos Árabes. Com mais de 150 reportagens publicadas, atua como jornalista de ciências na editoria de Humanidades da revista Pesquisa Fapesp, editada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, e também trabalha como pesquisadora audiovisual e roteirista.

Christina Stephano de Queiroz

Leia trechos da obra:

“Devido aos hábitos culturais, ao idioma e à sociabilidade centrada na própria comunidade, os imigrantes sírios e libaneses eram vistos como portadores de uma diferença a mais, em relação a outros grupos de imigrantes”

“Na primeira vez que foi preso, em 1964, os policiais entraram em sua casa, buscando ‘livros vermelhos’. Como desconheciam quem eram os autores ‘comunistas’, Jamil se colocou à disposição para ajudá-lo, oferta que foi aceita com desconfiança por parte dos policiais. Assim, com uma atitude irônica, Jamil entregou todos os livros ‘de esquerda’ que tinha em sua biblioteca aos policiais, que os apreenderam e, em seguida, levaram o poeta preso. Ele foi solto após alguns dias, por causa das reclamações e protestos das irmãs na própria delegacia do Dops”.

“Segundo Helena, Jamil era um ‘exilado do cotidiano’, de uma ‘mudez que chegava a causar hostilidade’. Desleixado, saía para compromissos sociais vestindo camisas com colarinho amassado. O casal fazia viagens em ônibus até São Vicente, onde Helena não tinha comprado um apartamento, momentos nos quais travavam discussões intermináveis sobre política e literatura”.

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