Resenhas

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As mentes ultraviolentas de Burgess e Kubrick

O filme Laranja Mecânica é um dos mais influentes do currículo do diretor Stanley Kubrick. Adaptado da obra homônima, de Anthony Burgess, o filme de 1971 traz Malcolm McDowell, com 28 anos, como protagonista em uma atuação brilhante. Ele interpreta Alex, personagem delinquente que causa repulsa por escandalizar a Inglaterra futurista e estranhamento por falar nadsat – dialeto criado por Burgess baseado no russo, inglês e cockney. O nome original, em inglês, A Clockwork Orange, deriva da expressão cockney “as queer as a clockwork Orange”. A palavra queer, usada para designar homossexuais, é também sinônimo de estranho. Anthony Burgess estreou…

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O Menino do Pijama Listrado: a amizade de dois garotos que vivem os opostos na Segunda Guerra Mundial

John Boyne escreveu o rascunho de O Menino do Pijama Listrado, publicado em 2006, em dois dias e meio de pouco sono, segundo ele mesmo. O autor irlandês levou com a obra os prêmios People’s Choice Book of the Year e o Children’s Book of the Year, ambos de seu país natal. O Best-seller foi traduzido ao cinema em 2008, sob direção de Mark Herman, com uma escolha de elenco que vestiu com perfeição os personagens literários. A experiência cinematográfica agradou ao autor, que esteve presente nas gravações. O enredo expõe a amizade de dois meninos que vivenciam os opostos…

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Quincas Berro D’água – O Apaixonante Vagabundo de Jorge Amado

Esta adorável novela de Jorge Amado foi publicada pela primeira vez em 1959. Foi traduzida para dezenas de idiomas como o francês, inglês, grego, chinês e finlandês e substanciada no balé, teatro, programa de televisão e, em 2010, no cinema, com direção de Sérgio Machado. Jorge Amado estava, em 1959, imerso na produção do romance de Vasco Moscoso de Aragão, quando lhe foi pedido que escrevesse um conto para um dos primeiros números da revista Senhor. O autor, relutante, deixou descansar Vasco Moscoso e em uma semana escreveu A Morte e a morte de Quincas Berro D’água. Com o característico regionalismo…

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Livros e Cinema: Direção realista de Polanski retrata o drama das anotações de Wladysklaw em O Pianista

É sempre indicado, em se tratando de livros que posteriormente renderam filmes, que se leia primeiro para assistir depois. No caso de O Pianista, não segui essa ordem. Conheci primeiro o filme e, após tê-lo visto cerca de três vezes, encarei a leitura. A obra literária é constituída das anotações pessoais de Wladyslaw Szpilman, e a adaptação fílmica é dirigida por Roman Polanski (2002). Os escritos narram a vivência de Szpilman em seis anos durante a Segunda Guerra Mundial, de cuja crueldade saiu sobrevivente. O cenário bélico está presente em muitas obras contextualizadas na mesma época, sejam elas ficcionais ou…

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Jovens autores aquecem a produção brasileira de ficção científica

. . Distopia Hélio Franchini Neto R$ 35,00 | 14 x 21 cm | 184 pp No futuro, as sociedades e seus conceitos sofreram transformações amplas e dramáticas. Divididos em “mundos”, inimigos entre si, democratas, libertaristas e teologistas lutam em uma guerra permanente, estagnada e sem saída. Em meio à animosidade geral que reina nas linhas de combate, um jovem funcionário democrata realiza visita a uma das frentes de batalha. Planejada como uma breve experiência para novos burocratas, a viagem acaba por avançar – por acasos e “acasos” – ao desconhecido. “Somos resultado de uma possível […] perda de sentido,…

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Só cabe o essencial

Resenha: Jornal Rascunho Marcos Pasche fala do novo livro, Pétala de Lamparina, do poeta Ricardo Lima: . Pétala de Lamparina Ricardo Lima O quinto livro de Ricardo Lima traz poemas agrupados em dois núcleos, Caro acordar e Tarde noite. Contemplativos, cheios de imagens do real, os versos evocam com nostalgia um mundo frágil, tomado pelo silêncio e pela impotência (“acordar com as rezas voltadas para o bar”; “assinar na parede algum pecado”, “nêsperas desesperadas mancham a mesa”). . .

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Clusters, de Pedro Marques, na Revista Cult

Fonte: Poesia à Mão Clusters Pedro Marques Antes de reunir seus poemas neste primeiro livro, Pedro Marques já vinha de uma longa convivência com a poesia, não apenas como poeta, mas como editor – de revistas (Salamandra, Camaleoa e Lagartixa), sites, antologias -, como professor e pesquisador, tendo publicado, também pela Ateliê Editorial, Manuel Bandeira e a Música (2008). É essa convivência que se faz notar nas dez partes que compõem Clusters. A proximidade do estilo é com nossa tradição modernista, inclusive no modo de temperar o lirismo com a ironia é, por vezes, com uma espécie de humor comedido,…