Contista Paulo Vasconcelos fala das formas de contar histórias na atualidade

Pequenos contos da atualidade

“Falar é cantar”, lembrou o professor universitário Paulo Vasconcelos, em entrevista ao Blog da Ateliê, ao discutir as maneiras de contar histórias numa sociedade high-tech. Paulo Vasconcelos também é contista, poeta e colabora com o Blog Mel.. Da.. Palavra, entre outros.

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O que tem mudado na forma de contar histórias com o crescimento da comunicação por meio de blogs e microblogs?

A fala é imprescindível e insuperável. Na história aparecem várias linguagens, desde a gestual, a imagem de quem conta e a proximidade até mesmo com cheiro. O grupo conta, no bar, na esquina no ponto de ônibus etc. Agora, há outras modelizações das histórias, acompanhando o viés da história mundial e das novas tecnologias da comunicação. Como por exemplo, a Literatura de Cordel, que nunca esteve tão em alta como agora. Ela está sendo vendida em livrarias, como acontece no Nordeste.

Professor e Contista Paulo Vasconcelos fala sobre formas de contar histórias

Por outro lado, há grupos que se formam para discutir e criar em vários estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Paraíba e outros. O movimento negro, aqui em São Paulo, vem trabalhando isto. Falar é cantar, não esqueçamos disto. E nós assim o fazemos, sem ter consciência, tirando algumas vezes no discurso amoroso ou nas histórias para impressionar.

Que influência isso terá quanto ao envolvimento da sociedade com a literatura?

Não tenho argumentos decisivos quanto a lhe responder isto. Contudo, a literatura escrita tem um impasse face ao preço. Mas penso que o processo editorial vem se expandindo com o crescimento das classes sociais e suas mudanças de patamar. Temos a expansão das Bienais em todo o mundo, inclusive na América Latina. Agora, a literatura oral ocorre sempre e o fará num paralelo à escrita. A periferia é hoje núcleo produtor de literatura, a ponto de universidades formarem núcleos de estudos, como acontece no Rio, com a coordenação de Heloísa Buarque de Holanda.

Conte-nos um pouco do seu envolvimento com pequenos contos, blogs e microblogs.

Há muita coisa em Blogs em todo o mundo. Acompanho um pouco no Brasil e na Argentina. A expansão é grande e tem migrado para o livro, como no caso de Clara Averbuck (http://adioslounge.blogspot.com/). Mas existem centenas como esse. Há também aqueles de péssima qualidade, mas que não deixa de ser um laboratório. Tenho conhecimento de alguns contistas que experimentam em blogs fechados a escrita literária, para depois polir o texto. Raimundo Carrero, de Pernambuco, grande escritor e, por coincidência, ex-aluno meu, coordena oficinas literárias que frequentemente ficam com vagas esgotadas. Raimundo foi um autodidata que hoje é sucesso mundial (http://www.raimundocarrero.com.br/index_pt.php).

É muito importante, neste sentido, o incentivo à leitura e escrita em blogs e microblogs, pois há uma resposta de quem os lê, seja pelo silêncio, ou pela forma de resposta escrita. A Crítica Genética, que vislumbra as origens da escrita, já se preocupa com este fenômeno. A PUC-SP, já se debruça sobre isto.

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Sugestões de leitura:

Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século, de Marcelino Freire EraOdito, de Marcelino Freire

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