Ficção Interrompida [uma caixa de curtas] e O Altar & o Trono – Dinâmica do Poder em O Alienista são os finalistas.
Ficção Interrompida [uma caixa de curtas] e O Altar & o Trono – Dinâmica do Poder em O Alienista são os finalistas.
Fonte: APCA
O livro Ficção Interrompida, de Diógenes Moura, ganhou o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) 2010 de Literatura, na categoria Contos/Crônicas. A eleição aconteceu no dia 13 de dezembro e a votação desta categoria foi feita por Dirce Lorimier Fernandes, Luiz Costa Pereira Jr., Sérgio Miguez e Ubiratan Brasil.
Diógenes Moura escreve a partir de fatos reais e fictícios e conduz seus personagens a uma narrativa repleta de questionamentos. São contos curtos, pequenos filmes, cenas inesperadas, epílogos dilacerados pela inquietação do autor em não ter encontrado respostas para o drama e o destino de cada um dos seus personagens, a grande maioria anônimos, identificados apenas pelas iniciais de seus nomes. Em alguns momentos do livro, um conto leva ao outro como num plano-sequência para em seguida a imagem se “desfazer” no universo inseguro que é a vida dos homens comuns.
Veja a lista completa dos melhores da APCA em 2010
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Diógenes Moura
Violência, amor, sexo, tormento e solidão nas grandes cidades brasileiras captados de maneira quase cinematográfica. Eis a explicação para o subtítulo deste livro de contos do pernambucano Diógenes Moura: “uma caixa de curtas”. Nas 41 pequenas narrativas que integram a obra, são expostos os questionamentos e o drama de homens comuns, identificados apenas com as iniciais de seus nomes. Por vezes, dá-se a impressão que passamos de um conto a outro como que num plano-sequência, a plasmar a fatalidade e a contingência dos personagens – recurso talvez explicado pelos conhecimentos de fotografia adquiridos pelo autor, curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Marcos Siscar
Pode-se dizer que Marcos Siscar (1964) é uma de nossas vozes poéticas inovadoras. Seu percurso mostra um trabalho rigoroso e comprometido com a poesia, que se reflete na atividade como pesquisador e professor de teoria literária (hoje na Unicamp), em uma intensa atuação no que poderíamos chamar de “reflexão-prática” poética. O que vemos neste seu novo livro é um prosseguimento da busca por pensar e experimentar os impasses da poesia, suas possibilidades de acontecimento no contemporâneo, a partir da “crise de verso” (Mallarmé).
Se em Metade da Arte – publicado em 2003, mas reunindo sua produção desde 1990 – prevalece o poema escrito em versos, com cortes e enjambements, e em O Roubo do Silêncio (2006) temos um livro todo composto de poemas em prosa, neste Interior via Satélite, Siscar opta por uma oscilação entre essas “formas”, problematizando mais radicalmente a questão dos cortes e da pontuação no poema. E o jogo que se explicita aqui, logo no título paradoxal, é o próprio gesto poético de inverter e confrontar distâncias, propondo não apenas novos olhares, mas novos mundos: “o mar como um livro rigoroso” (da epígrafe Haroldo de Campos), o livro como um oceano, um planeta. Mas também um lugar (do) vazio: o poema como o “corte que dá forma ao vazio que quer dizer um mundo”.
O livro Ficção Interrompida – Uma Caixa de Curtas, de Diógenes Moura, está entre os citados na seção de “Ficção Brasileira” do Guia da Folha.