Entrevistas

Traduzir para aproximar o leitor do texto

Traduzir para aproximar o leitor do texto

Álvaro Faleiros explica as motivações que o levaram a traduzir Mallarmé Renata de Albuquerque “Un coup de dés jamais n’abolira le hasard”. Os hoje muito conhecidos versos de Stéphane Mallarmé (1842 – 1898) certamente foram um desafio no século XIX, não apenas para leitores, mas também para intelectuais. Tido como o primeiro poema tipográfico de que se tem notícia, o texto pode ser considerado revolucionário. No Brasil, a tradução do poeta concretista Haroldo de Campos tornou-se icônica. Icônica, mas não única. Álvaro Faleiros, poeta, compositor, tradutor e professor livre-docente de Literatura Francesa da USP contribuiu grandemente para essa fortuna crítica com…

Chico Buarque em Caravanas

Por Renata de Albuquerque Chico Buarque acaba de lançar um novo álbum. Caravanas chega ao público seis anos depois do lançamento de Chico, mais recente trabalho de inéditas. O lançamento já seria, por si, um acontecimento, já que Chico Buarque é um compositor cultuado e fundamental na cultura brasileira. Mas, além disso, a faixa “Tua Cantiga” recebeu críticas pelo conteúdo que teria um viés machista (na letra, um homem diz à amante que largaria mulher e filhos para ficar com ela). Para falar sobre o novo disco, o Blog da Ateliê convidou Adélia Bezerra de Meneses, professora de Teoria Literária…

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Orestes, tragédia atípica em que é preciso ponderar riso e dor

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Tradução (30 de setembro), a Professora Titular de Língua e Literatura Gregas (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa fala do trabalho de tradução da tragédia Orestes, de Eurípedes, recém-lançada pela Ateliê Editorial. Ela, que é diretora da Trupe de Tradução de Teatro Antigo (Trupersa) e coordenadora do Grupo de Tradução de Teatro (GTT/CNPq/UFMG)  revela, na entrevista, como foi o processo inovador que gerou o livro, e que demorou cerca de dois anos: Como foi o processo de tradução? Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa: O processo foi…

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“A hipertrofia das assimetrias, que vão da economia até às esferas culturais, torna essa literatura de sentido sociopolítico necessária”, diz Benjamin Abdala Jr.

Por: Renata de Albuquerque Literatura, História e Política: Literaturas de Língua Portuguesa no Século XX chegou às prateleiras das livrarias brasileiras em 1989,  mesmo ano em que o Muro de Berlim caiu – uma mudança profunda, do ponto de vista histórico, político e social. Quase trinta anos depois, a Ateliê lança a terceira reedição da obra, um ensaio que discute o gesto que veio a configurar-se artisticamente numa forma nova, nas literaturas dos países de língua portuguesa. A análise do sentido político subjacente a essas produções da Modernidade levou à problematização das relações entre arte e engajamento, do poder de…

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João Alexandre Barbosa: “É preciso arriscar”

Eduardo Sterzi   A entrevista com João Alexandre Barbosa que a seguir se reproduz na íntegra foi realizada em agosto de 2000, no saguão do Hotel Embaixador, no centro de Porto Alegre. Sua primeira divulgação se deu no mesmo ano, no número 23 da revista Brasil/Brazil – que era, à época, uma publicação conjunta da PUCRS (hoje, a Associação Cultural Acervo Literário de Erico Verissimo tomou o seu lugar) e da Brown University, com edição de Regina Zilberman e Nelson H. Vieira. Em 2006, quando João Alexandre Barbosa morreu, excertos da entrevista foram republicados, em sua homenagem, no jornal K,…

René Thiollier: o modernista redescoberto

Por: Renata de Albuquerque Os participantes da Semana de Arte Moderna de 1922 estão presente no currículo escolar brasileiro há décadas. Obras como Macunaíma e Serafim Ponte Grande têm espaço garantido nos vestibulares do país inteiro. Mário de Andrade e Oswald de Andrade são figuras bem conhecidas do grande público. Mas, quando se fala sobre René Thiollier, poucos sabem de quem se trata.   O rapaz de origem francesa esteve na Semana de 1922 e acompanhou Mário e Oswald na viagem de “redescoberta do Brasil” às cidades históricas de Minas Gerais, em 1924. Mas as referências ao advogado (formado em…

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Mario Pedrosa, política e arte

Por: Renata de Albuquerque Quando se fala em Mario Pedrosa, o que primeiro se pensa é no renomado crítico de arte, com extensa obra no meio e passagem por museus e bienais no Brasil e ao redor do mundo. Mas em Pas de Politique Mariô! – Mario Pedrosa e a Política, o foco é a atuação política dessa importante figura brasileira. A obra de Dainis Karepovs –  doutor em História pela FFLCH-USP, pós-doutor em História pelo IFCH-UNICAMP e autor de A classe operária vai ao Parlamento (São Paulo: Alameda, 2006) e Luta subterrânea (São Paulo: Ed. UNESP; Hucitec, 2003) –…

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“Temos que redimensionar o papel de Lima Barreto na literatura brasileira”, diz pesquisador

Por Renata de Albuquerque Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá é um caso raro na literatura brasileira. Apesar de escrito por um dos mais importantes autores nacionais, é um livro pouco lido, pouco conhecido, pouco estudado e pouco editado. No ano em que Lima Barreto é escolhido o autor homenageado da FLIP – Festa Literária de Paraty – a Ateliê Editorial repara este equívoco e lança, em uma edição especial, o romance. O volume é organizado por Marcos Scheffel, professor da UFRJ, que fala a seguir sobre este livro ainda obscuro de Lima Barreto: O que o…

A Questão da Ideologia no Círculo de Bakhtin

A Questão da Ideologia no Círculo de Bakhtin

Por Renata de Albuquerque   O intelectual russo Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-1975) é uma das mais importantes referências de análise do discurso em termos linguagem e literatura, tendo estudado noções, conceitos e categorias de análise da linguagem com base em discursos cotidianos, artísticos, filosóficos, científicos e institucionais.  O  chamado Círculo de Bakhtin é grupo multidisciplinar de intelectuais russos, que incluía, além de Bakhtin, Voloshinov e Medvedev. Eles se reuniram regularmente entre 1919 e 1929 e uma de suas mais importantes contribuições às ciências humanas foi foi enxergar a linguagem como um constante processo de interação mediado pelo diálogo – e não…

Arabia Brasilica: o fio da memória costurado por Raduan Nassar, Milton Hatoum e Salim Miguel
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Arabia Brasilica: o fio da memória costurado por Raduan Nassar, Milton Hatoum e Salim Miguel

Por: Renata de Albuquerque Sem ter formação arabista, o italiano Alberto Sismondini, nascido em Ventimiglia, aproximou-se da cultura do Oriente fazendo um movimento parecido que o levara, na juventude, a aproximar-se da França, país fronteiriço à sua cidade natal. “Para ter a percepção de não estar a apodrecer no recanto mais recôndito da província italiana, era preciso ser bilíngue”, afirma. Foi por sentir falta de estar próximo de uma cultura “tão importante quanto a francesa” e por ler a literatura de autores libaneses francófonos que fez contato mais próximo com a cultura árabe. Esta familiaridade o levou a conhecer a…