Autor: Daniel De Luccas

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O psicolirismo cotidiano de Rita Moutinho

Leo Barbosa | zonadapalavra Não há atividade que ponha o subconsciente mais à tona que o ato de fazer literatura. Se houver, talvez se estabeleça através dos sonhos. Então aqui se instaura a semelhança entre a literatura e a psicanálise: “Já que a literatura carrega nos seus flancos o não-consciente e já que a psicanálise traz uma teoria daquilo que escapa ao consciente, somos tentados a aproximá-las até confundi-las”, nas palavras do psicanalista Jean Bellemin-Noel. Afinal, ambas as ciências trabalham com a fala e tendem a revelar mais do que as linhas aparentam carregar. Podemos inferir isso da leitura de…

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Décio Inédito

Antonio Gonçalves Filho | O Estado de S. Paulo | 30 de novembro de 2013 Poeta deixou tradução de Santo Agostinho e peça que fala de pioneira feminista Três anos antes de morrer, aos 85 anos, em 2 de dezembro do ano passado, vítima do mal de Alzheimer, o poeta concreto Décio Pignatari começou a tradução das Confissões de Santo Agostinho, da qual o Caderno 2 publica fragmentos nesta edição. Não é tanto a tradução que surpreende. Afinal, Pignatari traduziu Dante, Shakespeare e Goethe, entre tantos outros grandes nomes da literatura universal. Surpreende, sim, o fato de um poeta ateu,…

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Participe do lançamento da Revista Livro n.3 na Livraria João Alexandre Barbosa

Livro n. 3 – Revista do Núcleo de Estudos do Livro e da Edição/USP – celebra mais um volume. Mantém-se fiel à vertente de estudos sobre o livro e a leitura no Brasil e no mundo. Projeta seu nome no circuito internacional do periodismo científico destinado a apontar tendências, revelar autores, promover debates, tornando-se, nesse sentido, protagonista das mutações e dos desenvolvimentos observados nesse campo de pesquisa nos últimos anos. Contamos com a presença de todos. Marisa Midori Deaecto e Plinio Martins Filho Editores

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Geografia do inconsciente & outras catarses

Ronaldo Cagiano  Uma das grandes vozes da poesia brasileira contemporânea, autora, dentre outros, de Romanceiro dos Amantes (1999) e Sonetos de Amores Mortos (2006) a escritora, crítica e ensaísta carioca Rita Moutinho acaba de lançar uma nova safra poética, numa incursão que lhe proporcionou um profundo mergulho existencial, dialogando com a psicanálise para explicitar poeticamente questões íntimas, sentimentais e artísticas, abordadas ao longo sua trajetória afetiva e intelectual, a partir a da visão de um paciente em terapia. Realizando uma profunda simbiose com a obra freudiana, tanto no título quanto nos textos poéticos, Psicolirismo da Terapia Cotidiana (Ateliê Editorial, SP, 2013, 194 pgs., R$ 46) recorre à experiência da autora com a psicanálise, panoramizando vários…

15ª Festa do Livro da USP

A Ateliê participará novamente da principal feira de livros de São Paulo, realizada anualmente na USP, juntamente com outras importantes editoras como Cosac Naify e Companhia das Letras. Ao todo serão 156 editoras com uma extensa gama de livros à venda com um desconto mínimo de 50%. Os stands estarão montados no Bolsão da Poli (Escola Politécnica) nos dias 11, 12 e 13 de dezembro, das 9h às 21h. Os acessos podem ser pela Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa 3, ou pela Av. Prof. Mello Moraes, próximo à Mecânica. Esta será uma oportunidade única para os leitores conhecerem de perto…

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Comunhão em Quatro Tempos

Renato Tardivo Literatura e Psicanálise Se Freud não escreveu muito sobre a relação entre literatura e psicanálise – embora usasse e abusasse das citações literárias, se valesse de referências da literatura clássica para a criação de conceitos e o único prêmio que recebeu em vida tenha sido o Goethe –, alguns psicanalistas contemporâneos tomaram essa relação como objeto de investigação. Talvez possamos dividir esses estudiosos em duas vertentes: aqueles que vislumbram na psicanálise uma poderosa ferramenta de leitura e análise de texto (perspectiva iluminista adotada inclusive por alguns segmentos da crítica literária) e aqueles que propõem certa analogia entre as…

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50 letras, sem tirar nem pôr

Marcelino Freire | Folha de São Paulo | 17.11.2013 DALTON TREVISAN NÃO poderia faltar. Pus no juízo: vou atrás, insisto, me rastejo, ínfimo. Uma antologia de microcontos não ficaria completa sem ele. Mestre da concisão. Alto Dalton. Máximo, grande. Mas ele vive recluso, não dá as caras. Eu não desisto. O ano era de 2004. Muito antes do Twitter. Resolvi criar a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século (Ateliê Editorial). Uma referência à organizada pelo Italo Moriconi, “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século“. Ao Italo, pedi a assinatura de um microprefácio. Que ele generosamente fez. Em 50 palavras. Os…

Nerval, o tenebroso

Marcelo Coelho  | Folha de São Paulo | 13.11.2013 Cidalisas, Melusinas. Mirto e Cibele. Santa Gudula e Lusignan: belos nomes, que pouquíssima gente conhece, enfeitam os versos de Gérard de Nerval (1808-1855), que aparecem agora no Brasil em bonita tradução de Mauro Gama para a Ateliê Editorial. Existem poetas difíceis, poetas obscuros, poetas “modernos”. Nerval cabe em categoria ligeiramente diversa. Ele é um mestre do “oculto”, do “esotérico”. Entre seus livros de cabeceira estava o “Dicionário Mito-Hermético”, de um certo Dom Pernety, e ele abusava de referências cifradas à alquimia e ao tarô. Natural que os surrealistas, quase um século…

Tempo solto, de Amálio Pinheiro

Amálio Pinheiro  | Diário do Nordeste | 12.11.2013 De acordo com a ensaísta e professora Jerusa Pires Ferreira que assina o prefácio da obra, “impressiona em Amálio Pinheiro o saber lidar com o verso, a medida, ritmo e sonoridade. Dá-se a condução perfeita do insuspeitado metro, que regula o discurso, mesmo para depois soltar-se. É aí que se complementam em exercício poético ‘a textura de uma folha e a trama de uma palha’. O aparecimento deste livro nos redime, fazendo crer que se trata de uma conquista do poeta, que nos vem libertar da repetições cansativas ou da pressa de dizer”….

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Obra-prima brasileira, em pleno século XXI

Renato Pompeu | Diário do Comércio Este belíssimo romance, Coisas do Diabo Contra, do escritor baiano radicado em São Paulo, Eromar Bomfim, lançado pela Ateliê Editorial, se insere na tradição da grande arte, nacional e internacional. Essa obra vai surpreender os críticos que alardeiam “o fim da literatura como obra de arte”. Eles se valem da argumentação de que, hoje em dia, estamos na era dos best-sellers programados. Os escritores não estariam mais preocupados com a estética, na forma, ou com as precariedades da condição humana, no conteúdo. Não estariam mais interessados em iluminar, por meio da beleza, os desvãos da…