Leia um trecho de ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha

Um rasgão enxurros se escancelava longo, longitudinalmente, afundando o sulco da garganta. E dentro dele mais de oitocentos baleados punham no tumulto a nota lancinante de sofrimento irreparáveis. Aquela prega do solo, onde se improvisara um hospital de sangue, era a imagem material do golpe que sulcara a expedição abrindo-a de meio a meio. Considerando-a entibiavam-se os mais fortes. Porque, afinal, nada compensava tais perdas ou explicava semelhante desfecho a planos de campanha tão maduramente arquitetados. Triunfantes e unidas, as duas colunas imobilizaram-se impotentes ante a realidade. Apagavam-se as linhas de ordens do dia retumbantes. Estavam no centro das operações – e não podiam dar um passo à frente ou, o que era pior, não podiam da um passo à retaguarda.

(Os Sertões, de Euclides da Cunha, p. 519)

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