Leia um trecho do prefácio de ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha, organizado por Leopoldo Bernucci – a obra está em pré-venda no site da Ateliê Editorial

Arte de Enio Squeff

Comemorando os 120 anos da sua publicação, Ateliê Editorial lança a 6a edição de Os Sertões, de Euclides da Cunha, com aparato crítico do Prof. Leopoldo Bernucci, reconhecidamente o melhor estudo dessa obra-prima. Edição com a ortografia atualizada, com revisão e acréscimos do Prof. Bernucci, contando, ainda, com as ilustrações do artista plástico Enio Squeff. A obra está em pré-venda no site da Ateliê Editorial (acesse aqui).

Leia um trecho do prefácio, escrito por Leopoldo Bernucci

Em toda a história da literatura brasileira, nenhum escritor pôde estabelecer, até agora, uma relação tão visceral com seus leitores como Euclides da Cunha. Todos nós que lemos e relemos as instigantes e magistrais páginas de Os Sertões saímos sempre de nossa leitura com um sentimento de assombro ou de perplexidade. Alguns dos seus leitores o detestam, outros sentem por ele verdadeira adoração. E ainda há um terceiro grupo, o daqueles que reagem de modo ambivalente diante desse texto multifacetado. Porque é bem verdade que, na construção dessa obra, as camadas justapostas da linguagem, os diferentes níveis de significado, o enorme sentido dado à tragédia de Canudos e as teorias científicas e sociológicas ali discutidas revelam um quadro de acertos e deslizes, mas que nunca nos deixa impassíveis diante da matéria apresentada. Tanto é assim que é justamente essa disparidade de um produto miscelâneo que confere a esta obra uma dignidade própria, um certo aspecto humano e humanístico em que na coluna do haver encontram-se os experimentos com a língua portuguesa, a potência de uma retórica barroca que roça o conceptismo, uma enorme curiosidade de conhecer o tipo brasileiro, um esforço veemente por definir a nossa nacionalidade, um respeito reverencial pela história brasileira, um afã de justiça por uma campanha militar que terminou em “charqueada” e muitos outros que elevam o livro à categoria dos clássicos, como até hoje ele tem sido tratado.

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