Leia um trecho de ‘Livros à Mancheia’, de Walnice Nogueira Galvão, presente na revista LIVRO 9/10

No Blog da Ateliê, vamos apresentar trechos dos textos dos autores e autoras que fazem parte do novo número duplo da Livro – Revista do NELE (Núcleo de Estudos do Livro e da Edição/USP). , que foi lançada em dezembro pela Ateliê Editorial.

Livro – a Revista é uma publicação do NELE (Núcleo de Estudos do Livro e da Edição), da USP, juntamente com a Ateliê Editorial. É um fórum aberto à reflexão, ao debate e à difusão de pesquisas que tem na palavra impressa seu objeto principal.

Leia um trecho de Livros à Mancheia, de Walnice Nogueira Galvão:

Entre as leituras da infância, certamente a mais marcante foi a da Odisseia, esse convite à viagem fantástica e iniciática. Pois a Ilíada, que desafia adultos, só descobriria mais tarde. Somada à Eneida latina e a um volume sobre mitologia da Antiguidade, formaria a base de uma perene ligação com as coisas gregas, nunca desmentida. E delas para seus vestígios, gerando um apetite generalizado por umas tinturas de arqueologia: foi uma passagem mais ou menos natural. À mesma época, as histórias maravilhosas de Edgar Allan Poe ajudariam a incutir na leitora o fascínio pelo nomadismo. ¶ Li a Odisseia na tradução de Carlos Alberto Nunes, o grande helenista paraense, pois a inventiva linguística da versão do maranhense Odorico Mendes escapava a minhas parcas forças. Boa parte do apego à Odisseia, às coisas gregas, à arqueologia e às viagens cabe a outra leitura dessa fase, a biografia de Schliemann por Emil Ludwig. Schliemann foi quem escavou Troia e Micenas, assim comprovando, milênios depois, que Homero não era pura ficção. Pude transmitir esse enlevo a meu filho, para quem li a Odisseia em criança, e que também se tornou um fileleno.

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