Macunaíma: edição artesanal para colecionadores

Macunaíma ganha projeto gráfico artesanal para colecionadores

Por: Gustavo Piqueira*

 

O convite para trabalhar com Macunaíma partiu do Plínio Martins, na metade de 2016. Creio que ele achou que eu e Macunaíma formaríamos uma boa dupla… Ele disse para que eu tivesse total liberdade na concepção da edição.

A princípio eu não fazia a menor ideia de por onde seguir.  Porém, como a obra de Mario de Andrade entrou em domínio público este ano e foram publicadas outras edições de Macunaíma — algumas delas, aliás, bem bacanas — me pareceu que o caminho de uma edição artesanal faria sentido para não ser redundante frente às outras edições, tanto as deste ano quanto as anteriores que conheço.

Além disso, penso que o resultado é coerente com meus últimos projetos, nos quais venho tentando brincar com as possibilidades (mais precisamente, com os limites) do livro impresso. A diferença é que, geralmente, faço isso em obras de minha autoria, e essa se transformou na grande dificuldade deste projeto. Pois, para Macunaíma, eu não queria que minha eloquência gráfica interferisse no texto — não queria criar empecilhos entre o leitor e o texto, assim como explico no meu texto do posfácio. Não faria sentido. Logo, após uma (longa) série de testes, cheguei a esse formato ‘dobra-desdobra’, que tanto pode ser lido como um livro ‘bem comportado’ quanto se transformar quase que numa espécie de pavão escandaloso de papel. Essa múltipla existência do livro, além de torná-lo bastante rico em termos de peça, me deixou totalmente satisfeito ao conciliar riqueza gráfica sem qualquer ‘prejuízo’ ao texto.

São 350 exemplares, todos iguais. Cada um possui 16 ilustrações que fiz, todas impressas em serigrafia. A opção por essa técnica foi prática: imprimo aqui na Casa Rex, o que reduz bastante o custo sem a necessidade de se evitar o uso de processo mais artesanais.

*Um dos mais premiados designers gráficos do Brasil, está à frente da Casa Rex e cria capas para diversas editoras, entre elas a Ateliê Editorial.

 

Gustavo Piqueira releu Macunaíma no projeto gráfico

Por Plínio Martins*

Gustavo Piqueira é um designer supercriativo, que adora fazer coisas diferentes. Ele era a pessoa ideal para fazer esse projeto, porque além de ser um excelente designer, tem uma relação profunda com os livros e entende a inte-relação entre o texto e o visual. A ideia desta edição foi rever Macunaíma, revisitar o livro com uma inovação no projeto gráfico. E o Piqueira sabe pensar o livro de uma forma adequada; sabe interpretar uma obra. Tem sensibilidade de artista.

Eu nunca sei o que ele vai fazer, porque ele é incapaz de fazer duas coisas iguais. Ele me surpreende e isso me fascina. Piqueira tem um talento único, paixão pela forma. Dei total liberdade para o artista que fez a obra e ele releu Macunaíma no projeto gráfico.

*editor

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