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ESTRANHOS OBJETOS DE DESEJO

Regiane Teixeira | Revista São Paulo Seção Reportagens – Arte | Pág. 22-24 | 17 a 23 de agosto de 2014

Feira de arte impressa vende experimentações com papel em baixíssima tiragem 

No meio do caminho entre a livraria e a galeria de arte, há uma feira que vende obras como um maço de folhas de sulfite dentro de um bloco de concreto. A peça do artista Marcelo Cidade integra a sexta edição da Feira de Arte Impressa Tijuana, que ocorre no próximo fim de semana (Casa do Povo – Rua Três Rios, 252, Bom Retiro, São Paulo – SP | 23 e 24 de agosto, das 12h às 20h – entrada livre e gratuita) no Bom Retiro, região central.

Por ali, 120 expositores irão vender livros de artistas, de edição limitada, produzidos artesanalmente ou por pequenas editoras nacionais e estrangeiras.

Desde a primeira edição do evento, em 2009, as publicações vêm ganhando formatos bem diferentes dos tradicionais cadernos com textos, desenhos e fotos.

O visitante que for à Casa do Povo, centro cultural onde o evento é realizado, irá se deparar com um livro que não pode ser folheado ou com caixas cheias de papéis.

Obra de Marcedo Cidade, à vendo por R$ 4.000

 

Uma delas é a “Zero à Esquerda”, com poesias e artes impressas feitas com diferentes técnicas, como a serigrafia e o offsete. Dentro da caixa de papelão há trabalhos de cerca de 30 artistas, entre eles Tadeu Jungle [cineasta], Regina Silveira [artista plástica] e do poeta Haroldo de Campos [1929-2003].

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O artista e poeta Omar Khouri com a caixa “Zero à Esquerda”, feita em 1981

“A ideia era fazer uma exposição portátil”, explica Omar Khouri (Revistas na Era Pós-Verso), 66, que editou o projeto com o poeta Paulo Miranda. O último exemplar de uma série de 500 feita em 1981 estará à venda por R$ 300.

O ilustrador paulistano Fabrizio Lenci, 26, o fotógrafo argentino Pablo Saborido, 34, e o publicitário colombiano Nicolas Llano, 30, já produziram dois guias sobre restaurantes de São Paulo, que misturavam ilustração, texto e foto.

Desta vez, eles apostaram em um guia formado por uma série de objetos inspirados em um único estabelecimento: o japonês Kintaro, na Liberdade. Cada um dos itens do kit que representa o local foi concebido por um artista convidado. Quem comprar o Guia San Pablo Kintaro, a R$ 100, levará hashis ilustrados, álbum de fotos, uma bandeira e um boneco em formato de peixe, além de ajudar os dois donos do restaurante, que também são lutadores, a participar do campeonato mundial de sumô no final do mês em Taiwan.

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Desenho em perspectiva do boteco Japonês Kintaro, na Liberdade

“Eles são atletas e não têm apoio de ninguém. São nossos amigos e queremos levantar uma grana para ajudá-los”, conta Saborido.

Segundo Ana Luiza Fonseca, editora e criadora da Tijuana, o público das feiras de arte impressa amadureceu e quem vai aos eventos sabe que encontrará projetos bem experimentais. “No começo, a gente sentia que tinha uma incompreensão muito grande”, diz. “Mas hoje as pessoas veem graça nisso e o evento é algo esperado.”

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