No cinema, dois papéis sob medida

O Estado de S. Paulo | 12.03.2013

“Não tem um papel pra mim?”, perguntou Gilberto Mendes, já nonagenário, num encontro com o casal Tragtenberg – Lívio, compositor, e Rita, cineasta -, quando soube que ela estava rodando o longa New Gaza. Não havia papel, mas Rita tratou de rapidamente arrumar-lhe uma ponta. Criou o papel do avô gói do personagem principal, um judeu ortodoxo falido, mas de fino faro comercial, que tira a sorte grande em pleno Bom Retiro ao abrir uma fabriqueta e contratar bolivianos clandestinos para fazer bandeiras dos EUA e exportá-las para o Oriente Médio, atendendo ao florescente mercado dos protestos árabes em que se queimam tantas bandeiras americanas.

O conto original, Processo de Paz, passa-se no Oriente Médio. Rita é que o transplantou para SP. E é de outro nonagenário ativíssimo, Jacó Guinsburg, de 92 anos, chefe da Editora Perspectiva. “Gravei duas cenas, uma aqui em casa, outra no ferryboat do Guarujá”, diz Gilberto, entusiasmado como um menino com sua estreia como ator aos 91 anos. O filme deve estrear ainda este ano na telona.

Entrementes, Gilberto já faz um “warm up” para voltar ao set de filmagem proximamente: “Serei um pianista de cabaré da área portuária de Santos. Vou tocar piano, imagine”. O longa, que inicia filmagens em 2013, tem a direção de seu filho Odorico Mendes, e é um policial. / J.M.C.

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