Porvir que Vem Antes de Tudo – Literatura e Cinema em Lavoura Arcaica, de Renato Tardivo

 Porvir que Vem Antes de Tudo, de Renato TardivoLivro propõe a análise das duas obras, o romance e o filme, atentando sobretudo para a correspondência que elas estabelecem entre si

Este trabalho de pesquisa começou quando o autor ainda era aluno de graduação em Psicologia e se encontrou com Freud e Seu Duplo: Investigações entre Psicanálise e Arte (1996), dissertação de mestrado de Noemi M. Kon, em que a psicanálise é explorada em seu parentesco com a estética e as artes; mais especificamente, com a literatura. Cartas de Sigmund Freud endereçadas ao escritor austríaco Arthur Schnitzler mostravam que o psicanalista acreditava que o artista, embora por caminhos distintos, aportava em destinos muito próximos aos seus no que se referia à elucidação dos mistérios da alma humana.

A relação entre as duas obras apresentada neste livro não figura apenas no nível da correspondência entre literatura e cinema. Ela também é tratada com destaque em cada uma das obras – o livro e o filme. As tramas trazem para o cerne da narrativa, vertido de metáforas sensíveis, o embate entre o novo e o velho, rigor formal e oralidade, amor e crime, lirismo e tragédia, entre outros. De que forma eles se articulam? Como se dá a sua correspondência? Por meio dessas indagações, o autor se lançou no que viveu como uma aventura com a linguagem: partiu da leitura do romance, investigou as condições para o surgimento do filme, debruçou-se sobre a correspondência entre os registros e, finalmente, aportou de volta à linguagem: “esse terreno onde as palavras voam à procura de si mesmas para aterrar em areia movediça”.

Porvir que Vem Antes de Tudo nos oferece uma leitura original do díptico Lavoura Arcaica na qual livro (1975) e filme (2001) compõem um jogo peculiar de identidade e diferença. Renato Tardivo promove uma convergência entre psicanálise e fenomenologia para analisar e interpretar essa relação, expondo enfim a lógica de uma clausura e tornando claro que, se é trágico o desenlace, o essencial está aí, nessa lavoura que se volta sobre si mesma, trava o processo de constituição do sujeito pela recusa da alteridade; pela negação, portanto, da condição dialógica, intersubjetiva, do estar no mundo.

Renato Tardivo é mestre e doutorando em Psicologia Social da Arte pela USP e escritor. Atua na interface entre a estética, a fenomenologia e a psicanálise. Foi professor universitário e é autor dos livros de contos Do Avesso (Com-Arte) e Silente (7 Letras).

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