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Edson Nery declama poema de Freyre na Flip 2010

Na primeira mesa da Flip, Edson Nery recitou o poema “Bahia de todos os santos (e de quase todos os pecados)”, contou histórias e analisou o estilo literário do homenageado Gilberto Freyre. Confira abaixo a matéria publicada no Prosa Online.

Edson Nery declama poema na Flip 2010Flip 2010: Nery arrebata com declamação de poema de Freyre

Com uma apaixonada declamação de cor do poema “Bahia de todos os santos (e de quase todos os pecados)”, de Gilberto Freyre, o biblioteconomista Edson Nery da Fonseca, 89 anos, arrebatou a plateia na primeira mesa desta quinta-feira, na Flip, que reuniu também o escritor Moacyr Scliar e o historiador Ricardo Benzaquen. Com um debate que alternou entre a análise do estilo literário de Freyre, seu trabalho como ensaísta e as contradições de suas obras clássicas, os três traçaram um perfil do autor homenageado desta edição da Flip.

Após declamar o longo poema, o qual consultou com apenas duas olhadelas numa pequena cola que levava consigo por precaução, Nery foi aplaudido por longos minutos. Pouco antes, ele apontou as três características principais do estilo de Freyre: o imagismo, absorvido da poeta americana Amy Lowell; a enumeração caótica, captada do poeta americano Vachel Lindsay; e o expressionismo, uma vez que Freyre “teve a sorte de ir à Alemanha em 1923, no auge do movimento”.

Nery mais uma vez conquistou a plateia da Flip ao contar histórias saborosas sobre o escritor homenageado. No ano passado, fez o mesmo com Manuel Bandeira. Ao citar Amy Lowell, o biblioteconomista contou que Freyre trocou com ela correspondências quase amorosas e revelou que certa vez o pensador brasileiro estava nos Estados Unidos para dar uma palestra em Harvard e pediu, logo depois, para ir ao cemitério de Boston, o que deixou a mulher de Freyre, Madalena, muito enciumada, embora fosse bem mais jovem que o marido. Ao chegar lá, Madalena não quis descer do carro e Freyre se dirigiu ao túmulo de Amy Lowell, diante do qual se ajoelhou e disse “Esta foi a primeira mulher que amei na vida”.

Sobre um dos editores de Freyre, o poeta Augusto Frederico Schmidt, que pagava muito mal, Nery — após Scliar, que é judeu, ter abordado a forma como o autor homenageado tratou os judeus — afirmou:

— Era um querido poeta, mas como comerciante, desculpe a expressão (olhou para Scliar), era um judeu no mau sentido.

Após a leitura de “Bahia de todos os santos (e de quase todos os pecados)”, o mediador Ángel Gurría-Quintana perguntou se Manuel Bandeira tinha ficado com ciúmes do poema. Nery então lembrou que Bandeira, após lê-lo, escreveu a Freyre: “Teu poema, Gilberto, será minha eterna dor de corno”, arrancando gargalhadas da plateia.

Nery, então, começou a falar da amizade dos dois autores e contou que Freyre se hospedou na casa de Bandeira em Santa Teresa e que o poeta pedia ao escritor que não aparecesse na casa entre tantas e tantas horas porque havia planejado um encontro amoroso.

— E Gilberto ficava vadiando no Rio até que o poeta se satisfizesse.

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