Tiago Abreu

CiDADE SOLLITARIA

Tiago Abreu Meu simulacro do instante é a pomba bêbada Que atravessa terras e encruzilhadas Bico de guerra, corpo ferido de chagas abertas Devorando ávida bitucas e migalhas Rói estrada como entulho, trata lixo como prata. Seu voo não tem glamour É lento e preguiçoso Não alça nada, sem ares nem arcos, nem mesmo nuvens E volta depressa ao solo viscoso Vida encardida essa emplumada cria urbana Suas penas cinzentas não aspiram nada Nem liberdade, nem os céus, nem migrar para o sul como os patos. Nada. Fica plena e contente no meio da sujeira. Mas seu canto contínuo e…