Resenhas

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As faces do amor na obra de Paulinho da Viola

Antonio Carlos Quinto | Portal Top Vitrine | 14 de março de 2014 Músico traz em sua lírica a melancolia como representação do amor Inspirada em parte da obra do cantor e compositor Paulinho da Viola, a cantora e filósofa Eliete Eça Negreiros empreendeu um estudo na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP: Paulinho da Viola e o elogio do amor (que será editado e lançado como livro pela Ateliê Editorial). Na tese de doutorado defendida no final de 2012, ela analisa composições de Paulinho, ou por ele interpretadas, traçando paralelos com autores e pensadores da filosofia e da…

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A Transmissão da Palavra ao Imaginário Infantil

Renato Tardivo Liev Tolstói (1828-1910), escritor russo, é o célebre autor de Guerra e Paz e Ana Karenina, obras que se tornaram marcos da literatura mundial. Também difundidos são os textos de inclinação anarquista que fazem do autor uma referência importante em estudos sobre política. No entanto, nem tão conhecidos do grande público – embora lidos  por milhões de crianças pelo mundo – são os escritos de Tolstói dirigidos às crianças. O escritor manteve uma escola, em sua propriedade próxima a Moscou, onde lecionava a camponeses pautado pelo princípio da liberdade. Em Contos da Nova Cartilha­ – segundo livro de leitura (vol. 1), reúnem-se…

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Um rolê com Paulo Bomfim

Percursos da memória na cidade do poeta Jorge Caldeira | Folha de S. Paulo | 19 de janeiro de 2014 PAULO BOMFIM não apenas vive fisicamente em São Paulo há 87 anos. A cidade para ele tem história, de modo que muitos lugares não lhe aparecem como paisagens prosaicas do tempo que vive, mas como testemunhos ancestrais. O parque da Luz é o lugar da ermida que Domingos Luís, o Carvoeiro, construiu no século 16; a praça do Patriarca, o ponto de refúgio do Mirinhão, um ancestral seu do século 18; a rua Espírita, no Cambuci, o quilombo espiritual do…

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Filme de Formação

Renato Tardivo Azul É A Cor Mais Quente (La Vie d’Adele – Chapitre 1 et 2, 2013), filme dirigido por Abdellatif Kechiche (diretor do excelente O Segredo do Grão, 2007), vem repercutindo por ter levado a Palma de Ouro de melhor filme em Cannes e também o prêmio da crítica, mas também pelas cenas de sexo entre duas jovens. A trama é baseada em uma história em quadrinhos para adultos, cujo título é justamente Le Bleu Est une Couleur Chaude, escrita e desenhada pela francesa Julie Maroh. Em ambos, uma jovem de 15 anos (Clémentine na HQ; Àdele, que significa…

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Poesia e pensamento

Patricia Peterle  |  Jornal Rascunho |  Janeiro de 2014 Paul Valéry, herdeiro de Mallarmé, passou a ser considerado um mestre do simbolismo com a publicação de La jeune Parque, em 1917. Mas sua obra alçou-o além, para entre os maiores poetas franceses do século 20. O exercício poético de Valéry, que se inicia com alguns poemas publicados na revista simbolista La Conque, por volta de 1896, e segue com leituras de Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe e Huysmans, já assinala seu complexo percurso de escritura e reflexão sobre a poesia. Seus Cadernos – um total de 261 volumes, somando mais de 26 mil…

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Livro apresenta parte de Tolstoi

Dirce Waltrick do Amarante |  A Gazeta – Cuiabá |  7 de janeiro de 2014 Em 1849, Liev Tolstoi (1828-1910), depois de ter residido em Moscou e Kazan e frequentado dois cursos universitários – Línguas Orientais e Direito –, ambos abandonados apesar das boas notas, fundou uma escola na pequena propriedade rural de Iásnaia Poliana, onde havia nascido. A questão escolar na Rússia foi uma preocupação constante de Tolstoi a ponto de ter afirmado, numa de suas cartas, que poderia morrer em paz se duas gerações de crianças russas aprendessem as primeiras letras nas cartilhas que escrevera, das quais receberiam também…

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Inventos líricos

Daniel Benevides | Brasileiros |  1 de janeiro de 2014 Figura única na literatura mundial, em sua autenticidade, gênio e loucura, Gérard de Nerval (1808-855) deixou um legado de prosa e poesia sombrias, mas de uma beleza estranha e fascinante. Nesta edição caprichada, bilíngue, de 50 de seus poemas, vê-se claramente como sua imaginação febril borrava os limites entre o romantismo tardio e uma nova percepção do mundo, crítica, tanto realista quanto fantástica, embrionária do que seria o Modernismo, um século depois. Nesse sentido ele pode ser alinhado com Poe e Baudelaire (que muito o admirava), mas como bem nota Mauro Gama,…

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O psicolirismo cotidiano de Rita Moutinho

Leo Barbosa | zonadapalavra Não há atividade que ponha o subconsciente mais à tona que o ato de fazer literatura. Se houver, talvez se estabeleça através dos sonhos. Então aqui se instaura a semelhança entre a literatura e a psicanálise: “Já que a literatura carrega nos seus flancos o não-consciente e já que a psicanálise traz uma teoria daquilo que escapa ao consciente, somos tentados a aproximá-las até confundi-las”, nas palavras do psicanalista Jean Bellemin-Noel. Afinal, ambas as ciências trabalham com a fala e tendem a revelar mais do que as linhas aparentam carregar. Podemos inferir isso da leitura de…

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Geografia do inconsciente & outras catarses

Ronaldo Cagiano  Uma das grandes vozes da poesia brasileira contemporânea, autora, dentre outros, de Romanceiro dos Amantes (1999) e Sonetos de Amores Mortos (2006) a escritora, crítica e ensaísta carioca Rita Moutinho acaba de lançar uma nova safra poética, numa incursão que lhe proporcionou um profundo mergulho existencial, dialogando com a psicanálise para explicitar poeticamente questões íntimas, sentimentais e artísticas, abordadas ao longo sua trajetória afetiva e intelectual, a partir a da visão de um paciente em terapia. Realizando uma profunda simbiose com a obra freudiana, tanto no título quanto nos textos poéticos, Psicolirismo da Terapia Cotidiana (Ateliê Editorial, SP, 2013, 194 pgs., R$ 46) recorre à experiência da autora com a psicanálise, panoramizando vários…

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Comunhão em Quatro Tempos

Renato Tardivo Literatura e Psicanálise Se Freud não escreveu muito sobre a relação entre literatura e psicanálise – embora usasse e abusasse das citações literárias, se valesse de referências da literatura clássica para a criação de conceitos e o único prêmio que recebeu em vida tenha sido o Goethe –, alguns psicanalistas contemporâneos tomaram essa relação como objeto de investigação. Talvez possamos dividir esses estudiosos em duas vertentes: aqueles que vislumbram na psicanálise uma poderosa ferramenta de leitura e análise de texto (perspectiva iluminista adotada inclusive por alguns segmentos da crítica literária) e aqueles que propõem certa analogia entre as…