Resenhas

Um clássico não merece um triste fim
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Um clássico não merece um triste fim

A Ateliê Editorial, neste momento de isolamento social, convidou alguns leitores para compartilharem suas impressões sobre alguns de seus livros prediletos. Com isso, pretendemos fortalecer uma comunidade de pessoas apaixonadas por livros, que sabem que eles podem ser uma excelente companhia em momentos como este. Este texto é de Douglas Mendes Ornellas, que escreve sobre Triste Fim de Policarpo Quaresma. Agradecemos a colaboração de Douglas e esperamos que todos apreciem a leitura! Algo que surpreende tanto pela qualidade de construção, quanto pela simplicidade e beleza não deve ser mantido como um segredo sob sete chaves, mas merece ser destacado e…

Paradeiro: uma carta para Pedro
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Paradeiro: uma carta para Pedro

O escrito e psicanalista Renato Tardivo escreve uma “carta aberta” a Pedro, protagonista de Paradeiro, romance de Luís Bueno que recebeu o Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2019 São Paulo, 26 de dezembro de 2019. Caro Pedro, Espero que me perdoe a intromissão. Não nos conhecemos; ou, para ser mais preciso, você não me conhece. Eu soube de eventos importantes da sua vida por meio do romance Paradeiro, escrito por Luís Bueno e do qual você, aos 23 anos, é um dos protagonistas. Presumo que você não tivera a oportunidade de ler o romance, levando em conta, inclusive, que ele seria…

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Sobre Espantalhos e Limões Espremidos: Farsas e Tragédias na reedição do livro Os Males do Tabaco e Outras Peças em um Ato

Paulo Maia* O humor e a brevidade estão presentes nos oito textos desta reunião editorial de Os Males do Tabaco que chega agora à sua terceira edição (2001, 2003, 2019). Vemos aqui estudos cômicos de Tchekhov (cena, cenas monólogos, estudo dramático, peça e farsas) que em alguns casos evoluem para a tragédia cômica. É o caso da versão de 1902 da cena monólogo em um ato intitulada “Os Males do Tabaco”. Ivan Ivánovitch Niukhin é um melancólico bufão revoltado que, a mando da mulher, vem falar sobre os tais malefícios. De todo modo, uma conferência não passa de uma conferência….

O Primo Basílio, de Eça de Queirós
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O Primo Basílio, de Eça de Queirós

Por Renata de Albuquerque O Primo Basílio é talvez a mais conhecida das obras de Eça de Queirós no Brasil. Adaptada para o cinema e a televisão, o romance realista  publicado em 1878 relata o triângulo amoroso de  Luísa, seu marido Jorge e o primo dela, Basílio, em uma trama que coloca luz na hipocrisia da sociedade burguesa lisboeta da época. Luísa e Jorge têm boa condição financeira e um casamento morno, apesar dos presentes que ele dá a ela. Ele é engenheiro e, durante uma viagem que faz a trabalho, o primo de Luísa, Basílio, vai visitá-la. Reacende-se então…

Pequeno Guia Histórico das Livrarias Brasileiras: Um brinde à resistência das livrarias brasileiras
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Pequeno Guia Histórico das Livrarias Brasileiras: Um brinde à resistência das livrarias brasileiras

por Katherine Funke* Será que voltaremos tanto no tempo que livreiros favoráveis à liberdade de pensamento terão de criar um fundo falso nas estantes da loja? É impossível não sair da leitura do Pequeno Guia Histórico das Livrarias Brasileiras, de Ubiratan Machado, sem essa pergunta na cabeça. O livro traz informações históricas mais do que úteis – inspiradoras – sobre modos de sobrevivência de cem livrarias brasileiras, desde o comércio jesuíta dos séculos 17 e 18 até as mais recentes, como a Livros & Livros, fundada em 1988 e que ainda resiste bravamente aberta dentro da Universidade Federal de Santa…

“A Relíquia”, de Eça de Queirós: humor e ironia em um clássico realista
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“A Relíquia”, de Eça de Queirós: humor e ironia em um clássico realista

Por Renata de Albuquerque* Um romance realista cheio de ironia, humor e com um toque de cinismo. Assim é A Relíquia, romance de Eça de Queirós, publicado em 1887 em Portugal. O livro é narrado por Teodorico Raposo (Raposão), órfão de pai e mãe que, ainda criança, vai morar com sua tia, Dona Maria do Patrocínio (Titi), uma senhora beata, avara e casta. É ela quem controla a fortuna que o sobrinho herdará, no futuro. As características da tia do narrador não são colocadas por acaso pelo autor. Eça de Queirós foi integrante da chamada Geração de 70 de Portugal,…

Figurações do Oitocentos: literatura romântica nas obras de autores brasileiros e europeus
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Figurações do Oitocentos: literatura romântica nas obras de autores brasileiros e europeus

Por: Carina Marcondes Ferreira Pedro* O livro Figurações do Oitocentos, organizado por Paulo Motta Oliveira, coordenador do Grupo de Estudos Oitocentistas da Universidade de São Paulo, contém ensaios que discutem a literatura romântica nas obras de autores brasileiros e europeus. O leitor poderá saber mais sobre o trabalho de autores como Émile Zola, Abel Botelho, Camilo Castelo Branco, Machado de Assis, Eça de Queirós, José de Alencar e Jane Austen. Os ensaios foram divididos no livro em duas partes: “Entre Tempos e Culturas”, a primeira, e “Religião, História e Crítica”, a segunda. A primeira parte inicia-se com o ensaio “Émile Zola e…

“Jogo de Palavras”: Dobras da Vida

“Jogo de Palavras”: Dobras da Vida

Renato Tardivo* Jacó Guinsburg, professor emérito da Escola de Comunicações e Arte da USP, está entre os maiores críticos de teatro do Brasil. É, também, um importante editor, destacando-se pela veiculação de obras de vanguarda, comprometidas com a disseminação de reflexão e cultura. Qual não é, então, a grata surpresa ao deparar com Jogo de Palavras, livro que reúne uma série de poemas de Guinsburg, escritos entre 2012 e 2018? Aos 97 anos, o autor revela (e talvez descubra) mais uma habilidade, com poemas que conjugam a um só tempo a maturidade de quem já viveu quase um século e…

“Moleque de fábrica”: memória de um trabalhador

“Moleque de fábrica”: memória de um trabalhador

Por Carina Pedro * O livro “Moleque de Fábrica – Uma Arqueologia da Memória Social” do sociólogo e professor José de Souza Martins é um mergulho profundo nas memórias do autor, da sua infância à maturidade, das difíceis relações familiares e profissionais estabelecidas entre o campo e a cidade, que ajudaram a formar o homem adulto e acadêmico, crítico de sua própria trajetória. São memórias com as quais muitos brasileiros vão se identificar, seja pela imigração de seus antepassados, pela infância no interior e na cidade (uma das do ABC paulista), em meados dos anos cinquenta, quando ser operário de…

A Margem da História

Renato Tardivo* Arabia Brasilica, livro do professor e pesquisador italiano Alberto Sismondini, é fruto de um trabalho minucioso que busca identificar e analisar a influência da literatura árabe na produção de escritores brasileiros. O ensaio se debruça principalmente sobre a obra de Raduan Nassar (talvez o escritor brasileiro vivo mais reconhecido de nosso tempo) e Milton Hatoum (autor em franca atividade com protagonismo na literatura brasileira), mas também sobre o romance familiar de Salim Miguel. Como se vê, trata-se de autores de origem libanesa e, o que é mais importante, cuja origem se faz determinante em sua obra. Mas Sismondini…