Poesia

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Robert Creeley

André Caramuru Aubert | Jornal Rascunho | Maio de 2014 O poeta norte-americano Robert Creeley (1926-2005) é, entre seus conterrâneos e contemporâneos, um dos mais conhecidos (ou menos desconhecidos) no Brasil. Além da qualidade de sua obra, talvez tenha ajudado, para isso, o fato de Creeley ter estado em São Paulo e conhecido alguns de nossos poetas. O fato é que ele deixou por aqui alguns admiradores importantes, como Ruy Vasconcelos e, principalmente, Régis Bonvicino, editor e tradutor de uma excelente coletânea brasileira (A UM, Poemas. Ed. bilíngue, Ateliê Editorial, 1997). Ainda assim, diante de tudo o que Robert Creeley produziu, o que…

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Valéry e Nerval: o eu inesgotável

Felipe Fortuna | Valor Econômico | 04 de abril de 2014 Dois lançamentos permitem novas incursões na obra dos dois poetas franceses bem como no trabalho de tradução de poesia para o português.   As numerosas diferenças entre Gérard de Nerval (1808-1855) e Paul Valéry (1871-1945) não são apenas as da cronologia, mas sobretudo de concepção da obra literária. Para o escritor de Les Filles Du Feu (1854), os símbolos do hermetismo – saturados de mensagens esotéricas e de vigoroso discurso místico – se transfiguravam em literatura. Já para o escritor de Charmes (1926), disciplina e rigor deveriam ser forças simultâneas na construção da prosa e…

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Casa da Escrita: encontro com Beatriz Helena Ramos Amaral (Coimbra)

Caros amigos do “Clube dos Amigos da Casa da Escrita”, na próxima segunda-feira, 14 de Abril às 18h00, decorrerá um encontro com a escritora brasileira Beatriz Helena Ramos Amaral, sob o lema: “A Música na Raiz do Poema: Interconexões e Ressonâncias”. Nele percorreremos “A música na raiz: a poesia de Beatriz Helena Ramos Amaral” e “A trajectória poética de Edgard Braga”. A entrada é livre.   Na primeira parte, a poeta e ensaísta apresenta: poemas de sua autoria, do CD RESSONÂNCIAS (por ela gravado em 2010 em parceria com o músico Alberto Marsicano – voz/poesia e sitar indiano/MCK). São poemas…

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Poesia e pensamento

Patricia Peterle  |  Jornal Rascunho |  Janeiro de 2014 Paul Valéry, herdeiro de Mallarmé, passou a ser considerado um mestre do simbolismo com a publicação de La jeune Parque, em 1917. Mas sua obra alçou-o além, para entre os maiores poetas franceses do século 20. O exercício poético de Valéry, que se inicia com alguns poemas publicados na revista simbolista La Conque, por volta de 1896, e segue com leituras de Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe e Huysmans, já assinala seu complexo percurso de escritura e reflexão sobre a poesia. Seus Cadernos – um total de 261 volumes, somando mais de 26 mil…

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Inventos líricos

Daniel Benevides | Brasileiros |  1 de janeiro de 2014 Figura única na literatura mundial, em sua autenticidade, gênio e loucura, Gérard de Nerval (1808-855) deixou um legado de prosa e poesia sombrias, mas de uma beleza estranha e fascinante. Nesta edição caprichada, bilíngue, de 50 de seus poemas, vê-se claramente como sua imaginação febril borrava os limites entre o romantismo tardio e uma nova percepção do mundo, crítica, tanto realista quanto fantástica, embrionária do que seria o Modernismo, um século depois. Nesse sentido ele pode ser alinhado com Poe e Baudelaire (que muito o admirava), mas como bem nota Mauro Gama,…

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Livro da Ateliê ganha Prêmio PEN Clube do Brasil

O livro De Olho na Morte e Antes, de Fernando Fortes, publicado pela Ateliê Editorial é o grande vencedor do Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil 2013, na categoria Poesia. O Prêmio, um dos mais antigos e prestigiosos certames brasileiros, foi criado em 1938, e é oferecido anualmente a escritores que tenham publicado obra nas categorias Poesia, Ensaio e Narrativa. Na categoria Ensaio o vencedor foi Vasco Mariz pelo livro Depois da Glória (Ensaios sobre personalidades e episódios controvertidos da história do Brasil e de Portugal), publicado pela Editora Civilização Brasileira, e na categoria Narrativa, Luiza Lobo pelo romance…

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O psicolirismo cotidiano de Rita Moutinho

Leo Barbosa | zonadapalavra Não há atividade que ponha o subconsciente mais à tona que o ato de fazer literatura. Se houver, talvez se estabeleça através dos sonhos. Então aqui se instaura a semelhança entre a literatura e a psicanálise: “Já que a literatura carrega nos seus flancos o não-consciente e já que a psicanálise traz uma teoria daquilo que escapa ao consciente, somos tentados a aproximá-las até confundi-las”, nas palavras do psicanalista Jean Bellemin-Noel. Afinal, ambas as ciências trabalham com a fala e tendem a revelar mais do que as linhas aparentam carregar. Podemos inferir isso da leitura de…

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Décio Inédito

Antonio Gonçalves Filho | O Estado de S. Paulo | 30 de novembro de 2013 Poeta deixou tradução de Santo Agostinho e peça que fala de pioneira feminista Três anos antes de morrer, aos 85 anos, em 2 de dezembro do ano passado, vítima do mal de Alzheimer, o poeta concreto Décio Pignatari começou a tradução das Confissões de Santo Agostinho, da qual o Caderno 2 publica fragmentos nesta edição. Não é tanto a tradução que surpreende. Afinal, Pignatari traduziu Dante, Shakespeare e Goethe, entre tantos outros grandes nomes da literatura universal. Surpreende, sim, o fato de um poeta ateu,…

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Geografia do inconsciente & outras catarses

Ronaldo Cagiano  Uma das grandes vozes da poesia brasileira contemporânea, autora, dentre outros, de Romanceiro dos Amantes (1999) e Sonetos de Amores Mortos (2006) a escritora, crítica e ensaísta carioca Rita Moutinho acaba de lançar uma nova safra poética, numa incursão que lhe proporcionou um profundo mergulho existencial, dialogando com a psicanálise para explicitar poeticamente questões íntimas, sentimentais e artísticas, abordadas ao longo sua trajetória afetiva e intelectual, a partir a da visão de um paciente em terapia. Realizando uma profunda simbiose com a obra freudiana, tanto no título quanto nos textos poéticos, Psicolirismo da Terapia Cotidiana (Ateliê Editorial, SP, 2013, 194 pgs., R$ 46) recorre à experiência da autora com a psicanálise, panoramizando vários…

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Comunhão em Quatro Tempos

Renato Tardivo Literatura e Psicanálise Se Freud não escreveu muito sobre a relação entre literatura e psicanálise – embora usasse e abusasse das citações literárias, se valesse de referências da literatura clássica para a criação de conceitos e o único prêmio que recebeu em vida tenha sido o Goethe –, alguns psicanalistas contemporâneos tomaram essa relação como objeto de investigação. Talvez possamos dividir esses estudiosos em duas vertentes: aqueles que vislumbram na psicanálise uma poderosa ferramenta de leitura e análise de texto (perspectiva iluminista adotada inclusive por alguns segmentos da crítica literária) e aqueles que propõem certa analogia entre as…