Autor: Gabriel Magalhães

O Centenário de Triste Fim De Policarpo Quaresma (1915-2015)

José de Paula Ramos Jr.* Lima Barreto (1881-1922) entendia que o escritor tem compromisso com a realidade, devendo esforçar-se para revelar o que os simples fatos não dizem. A literatura deveria também cumprir um papel ético, contribuindo para melhorar a humanidade. Por isso, julgou necessário denunciar a hipocrisia, a intolerância, a ambição egoísta e a injustiça, que ele via na base da sociedade brasileira no tempo da então jovem república. Tinha da literatura uma visão militante e usou dela para expressar sua revolta, solidarizando-se com a gente humilde. Entre os poucos livros publicados em vida do autor e vários outros…

Lima Barreto: nota biográfica

José de Paula Ramos Jr.* Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, numa sexta-feira 13 do mês de maio, ano de 1881. Segundo a superstição, um dia nefasto, que marcaria a triste sina da criança. Filho de Amália, professora primária, e João Henriques, respeitado tipógrafo da Imprensa Nacional, o jovem Afonso Henriques estuda no Ginásio Nacional (Colégio Pedro II) para ingressar, em 1897, no primeiro ano de engenharia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Após cinco anos, Lima Barreto abandona o curso superior sem concluí-lo, ingressa na Secretaria da Guerra como amanuense concursado e, com modestos…

Livros e Leituras na Espanha do Século de Ouro

Carolina Ferro | Revista História da Biblioteca Nacional | Seção: Livros | Página 94 | Março de 2015 O acesso ao livro nunca foi tão democrático. Esta reflexão ganha peso ao compararmos nossa época com momentos anteriores, quando esse objeto podia ser obscuro e proibido – por isso mesmo, instigante. Foi o que ocorreu na Espanha do século XVII, período conhecido como Barroco ou Século de Ouro. A maioria da população era analfabeta, mas, em época de poucas mídias, uma obra literária podia ter um alcance maior do que se imagina. Castillo Gómez recorre a documentos de arquivo, testemunhos escritos, pistas encontradas na materialidade das obras, folhas soltas, panfletos e bilhetes…

A Outra Guerra do Fim do Mundo

Bruno Garcia | Revista História da Biblioteca Nacional | Seção: Livros | Página 95 | Fevereiro de 2015 “Dois homens carecas brigando por um pente”, era como o escritor argentino Jorge Luis Borges descrevia a Guerra das Malvinas. O pequeno arquipélago no Atlântico Sul atiçou a ambição patriótica da ditadura militar argentina no começo a década de 80. Mas, a despeito de suas intenções, a aventura durou pouco mais de dois meses, terminando com a vitória retumbante do Reino Unido. Em A Outra Guerra do Fim do Mundo, Osvaldo Coggiola recupera não apenas detalhes preciosos do conflito, dados e movimentações dos exércitos, como também investe na…

No Rastro dos Mitos

Maria Luiza Tucci Carneiro escreve sobre como surgiu a obra Dez Mitos sobre os Judeus, um trabalho que marca sua própria trajetória de pesquisadora acadêmica Por Maria Luiza Tucci Carneiro Escrever o livro Dez Mitos Sobre os Judeus foi um grande desafio, por exigir a depuração de uma pesquisa que realizo desde 1972 quando iniciei o meu mestrado junto a Universidade de São Paulo, sob a orientação da Profa. Dra. Anita Novinsky. Ao investigar as raízes do racismo no Brasil desde os tempos coloniais, deparei-me com o mito da pureza de sangue que, desde o século XV, servia aos interesses…

Lagoa da Conceição e uma tarde de domingo

por Daniel De Luccas Domingo, 22, o tempo virou em Floripa. Para quem planejava vender alguma coisinha no Brechó na Rua, a pergunta era, “será que chove?”. Digno do ócio pra curtir o friozinho que bateu, o domingo esperava por uma decisão, mesmo por parte daquele que dizia “irei guardar este dia como meu ‘sábado’ e as atividades serão: virar página de livro ou dar play em filme”. Mas foi o “preciso pagar minhas aulas de Yoga” que me deu o ponta-pé pra sair da cama, juntar as tralhas, achar um espaço no gramado da Lagoa e expor os poucos…

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Os Manuais de Desenho da Escrita, título da coleção Artes do Livro, estuda a evolução do percurso tipográfico

Depois da invenção da escrita, a invenção da tipografia é considerada como o avanço mais importante da civilização, pois permitiu a expansão da palavra escrita em escala global. A letra é a unidade básica da escrita alfabética, parte fundamental do sistema de comunicação universal. Ela passou e continua passando por constantes adaptações às novas tecnologias, que implicam em alterações formais de seu desenho. Ao longo de séculos, sua configuração visual sempre foi determinada pela criatividade do designer e pela busca permanente de formas de letra mais simples e rápidas, no intuito de acelerar sua execução e leitura. Os Manuais de…

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Ilustrando Petrarca

Por Enio Squeff* Não foi por qualquer coisa como o Guiness que resolvi testar minha capacidade de improvisar, quando pedi ao editor Plínio Martins Filho para desenhar sobre os originais da tradução do Cancioneiro de Francisco Petrarca. Este trabalho, soube há pouco, resultou em mais de 700 ilustrações, feitas alla prima.  Não sei (e realmente não interessa) se alguém fez tantas ilustrações para um único livro, diretamente sobre as provas da obra. Claro, havia o acordo tácito de que, se qualquer desenho não saísse a contento, eu o substituiria por uma ilustração à parte: fazer desenhos sobre as provas de…

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Importante obra do concretismo brasileiro foi recentemente reeditada: “Viva Vaia – Poesia 1949-1979”, de Augusto de Campos

Lançada em 2001, a Ateliê Editorial publica nova edição do livro Viva Vaia, de Augusto de Campos, revisada e com a ortografia atualizada, considerada pelo poeta a edição mais completa dessa sua obra. “Esta coletânea da minha poesia, abrangendo três décadas, teve sua primeira publicação em 1979 com a chancela da Editora Duas Cidades. Até então, meus poemas só haviam aparecido em livro em publicações de autor. Houve uma segunda edição em 1986, pela Editora Brasiliense. E mais quinze anos se passaram. A edição que agora oferece ao público a Ateliê Editorial é, de todas, a mais completa”. (Augusto de Campos, 2001) Com projeto…

Poema recém-descoberto de Machado mostra evidente influência romântica

Wilton Marques | Folha de S. Paulo | Ilustrada | 16 de março de 2015 No dia 9 de setembro de 1856, Machado de Assis, então com 17 anos, publicou no jornal Correio Mercantil (1848-1868) o poema O Grito do Ipiranga. De antemão, a grande novidade desse texto, datado de 7 de setembro de 1856, reside no fato de que ele nunca foi coligido pelos estudiosos da obra poética do escritor carioca. Em outras palavras, é um poema esquecido e inédito. Para além da mera curiosidade do achado, O Grito do Ipiranga é antes de mais nada um texto de juventude, o que obviamente explica sua qualidade estética…