Mês: maio 2014

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O Nheengatu que dá barato

José Ribamar Bessa Freire | Diário do Amazonas | 25 de maio de 2014 Tinha cara de bebê chorão. Morava na Ilha do Governador, no Rio. Não lembro mais o nome dele. Agnaldo ou Agnando, uma coisa assim, mas era conhecido como Pindá. Como qualquer vendedor de drogas em porta de escola, percorria diariamente universidades para abastecer a clientela, cujos vícios e gostos conhecia muito bem. Na UERJ, se esgueirava pelos corredores, qual felino de mansa pisada. Ia de sala em sala, levando a mercadoria. Silencioso e discreto, só abordava os consumidores potenciais sem presença de testemunhas. Um belo dia, sumiu. Dizem que…

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Robert Creeley

André Caramuru Aubert | Jornal Rascunho | Maio de 2014 O poeta norte-americano Robert Creeley (1926-2005) é, entre seus conterrâneos e contemporâneos, um dos mais conhecidos (ou menos desconhecidos) no Brasil. Além da qualidade de sua obra, talvez tenha ajudado, para isso, o fato de Creeley ter estado em São Paulo e conhecido alguns de nossos poetas. O fato é que ele deixou por aqui alguns admiradores importantes, como Ruy Vasconcelos e, principalmente, Régis Bonvicino, editor e tradutor de uma excelente coletânea brasileira (A UM, Poemas. Ed. bilíngue, Ateliê Editorial, 1997). Ainda assim, diante de tudo o que Robert Creeley produziu, o que…

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O poder transformador dos livros

Vivian Nani Ayres | Brasileiros | Abril de 2014 Como se deu a publicação e difusão de livros comunistas no Brasil e na França  Os livros fazem revoluções? Podem existir muitos protestos diante dessa pergunta, mas não se pode negar que uma das principais armas contra as ideias que ousaram questionar o status quo foi a perseguição aos livros considerados “subversivos”. É difícil encontrar alguém que conteste o poder transformador dos livros. Mesmo aqueles que só têm contato com esse objeto em sua esfera privada sabem que ao fecharem um livro depois da leitura encontram diante do espelho uma pessoa diferente….

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O Som da Imagem

Oliviero Pluviano | Carta Capital | 7 de maio de 2014 RARAMENTE pensamos na morte. Existe um antídoto que nos impede de lembrar a todo instante que tudo acaba, que nascemos de un polvo (como os espanhóis chamam o momento da geração) e fatalmente voltaremos a ser poeira. É a mesma defesa psicológica a impedir que nos aterrorize nas noites estreladas a nossa condição de infinitésimos habitantes da Terra com os corpos celestes. Quem sabe esse remédio milagroso se chame vida? A morte dos outros passa perto de nós todos os dias: quem nunca viu um motoboy agonizando no asfalto em uma…

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Perda Reconstruída

Renato Tardivo O título da coletânea de contos de Elisa Nazarian, Bilhete Seco, inicialmente me chamou a atenção por dois motivos. O primeiro: ocorreu-me o conto “O Ventre Seco”, de Raduan Nassar, texto colérico que diz da relação do narrador com duas mulheres importantes de sua vida. O segundo: “bilhete seco”, se não chega a ser um paradoxo, causa alguma estranheza – bilhetes são molhados por excelência. Bem, como não raro ocorre, eu poderia me desfazer dessas impressões ao fim da leitura. Mas, ao terminar o livro, foram justamente essas associações que me vieram, evidentemente transformadas por – e acrescidas…

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Entrevista com Waldecy Tenório que lançou Escritores, Gatos e Teologia

Ateliê Editorial | Assessoria de Imprensa No último dia 7 de maio, o professor, escritor e jornalista Waldecy Tenório lançou seu novo livro Escritores, Gatos e Teologia.  Nesta obra o autor continua com o tema já abordado em seu primeiro livro pela Ateliê – A Bailadora Andaluza –, que é aproximar Literatura e Teologia. O lançamento foi na Livraria da Vila da rua Fradique Coutinho e teve a participação de muitos amigos e colegas. Durante o evento, Luciana Frateschi leu trechos da obra, e Luciana Celo cantou poemas musicados de Drummond, Cecília Meireles, Adélia Prado e outros, acompanhada pelo violão de Raphael…

Machado de Assis e Shakespeare

Ubiratan Brasil | Estado de São Paulo | 26 de abril de 2014 Para autor, é fundamental na obra de Machado de Assis a presença da peça de Shakespeare  Em sua pesquisa sobre a importância de Shakespeare na obra de Machado de Assis, José Luiz Passos fez importantes descobertas. Percebeu, por exemplo, que o autor brasileiro se refere a Otelo ao menos 30 vezes em sua obra. “Ele tenta reescrever Otelo em vários contos, flerta com isso em Ressurreição, no qual cita lago, até atingir o auge em Dom Casmurro“; observa ele, lembrando de uma obra clássica dos anos 1960, O Otelo Brasileiro de…