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Dicas de livros do Guia da Folha – Livros, Discos, Filmes

Romance Distopia, de Hélio Franchini NetoDistopia

Hélio Franchini Neto

Um dos ramos mais prestigiados da ficção científica, até mesmo por quem não aprecia o gênero, é o das narrativas distópicas. A esse ramo pertencem clássicos da literatura como “1984”, de George Orwell, “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e “Farenheit 451”, de Ray Bradbury.

A palavra “distopia” vem do grego (dys + topos) e significa “lugar do mal”. Antônimo de “utopia”, o termo indica o território em que a liberdade e os direitos civis mais básicos foram suprimidos. O romance de estreia de Hélio Franchini Neto dialoga com o de Orwell, ao apresentar um mundo futuro dividido em três Estados em guerra: o dos democratas, o dos libertaristas e dos teologistas.

O personagem central é um jovem democrata que, ao cair prisioneiro do exército libertarista, dá início a uma jornada que o levará também aos teologistas e a uma descoberta surpreendente. Apesar do excesso de descrições e digressões, que emperra um pouco o ritmo da narração em primeira pessoa, “Distopia” é um livro interessante, de uma nova promessa da ficção científica brasileira. (Nelson de Oliveira)

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Livro de Poesia Extravio Marinho, de Simone Homem de MelloExtravio Marinho

Simone Homem de Mello

Há muitos anos Simone Homem de Mello mora na Alemanha. Sua poesia chega marcada por essa vivência e essa convivência com outra paisagem. Em Extravio Marinho, seu segundo livro, o leitor entra numa paisagem truncada pela própria linguagem, que não permite uma contemplação tranquila. Sua poesia é descritiva, porém suas imagens chegam fragmentadas, criando dificuldade de leitura. Como lembra Horácio Costa, no posfácio (“Extravio marinho para vulcanologistas”), Simone como que tritura o legado da cultura europeia com um lirismo rarefeito, quebradiço. A imagem se forma e se deforma pelos estilhaços – pelo que restou.

A dificuldade de sua poesia é a de entrar nesse mecanismo de desconstrução de desfoques, como se pode ler numa passagem de longo poema “Deep Play”: “perda:/é como ver alguém aparecer à porta/ e mirar, em vez do homem, o trinco:/ da imagem/ extraviada no fundo de uma salina”. (Heitor Ferraz Mello)

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